Depois de ouvir "Horribles Parade", talvez seja boa ideia reavaliar um aspecto importante de toda a carreira dos Residents. Talvez Gary War não aplique as mesmas camadas de ironia e subversão que os homens da cartola impõem às músicas americanas do século XX, e a verdade é que não se percebe as letras para se poder dizê-lo. No entanto, as semelhanças estão na sublimação, mastigação, trituração, seja o que fôr que queiram dizer, dos géneros musicais. Ouvem-se ecos de psicadelismo, synth-pop, post-punk, new wave, gótico, tudo soando, voz incluída, como fazendo parte de uma gigante máquina de fazer bolhas de sabão. E como o detergente utilizado é da qualidade adequada, quando rebentam na nossa cara ficamos cegos e deixamo-nos guiar pelos efeitos distorcidos da música. "Horribles Parade" é daqueles discos tão diferentes que o epíteto "fascinante" assenta-lhe que nem uma luva.
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