quinta-feira, 30 de abril de 2009

Neko Case "Middle Cyclone"



Escritora de canções repletas de alusões à natureza, à determinação de uma mulher de espírito inabalável, e à velha temática amorosa, Neko Case é também uma cantora formidável. Na sua voz, as canções revestem-se de uma couraça que embate nos tímpanos com a força de um bloco de cimento. Algo que, como todos saberão, é importantíssimo quando se joga neste terreno de herdeiras da folk, country e americana. "Middle Cyclone" sucede aos excelentes "Blacklisted" e "Fox Confessor Brings The Flood", causando mais um dilema em quem quiser pensar sobre qual deles o melhor. A verdade é que não há muitas cantoras como Neko Case, algo que a dinamite musical de "This Tornado Loves You", "People Got A Lot Of Nerve", "Magpie In The Morning", "Vengeance Is Sleeping" ou "Prison Girls" anuncia de viva voz. O ceptro está bem entregue nestas mãos.

Aqui podem ver uma versão ao vivo de "Vengeance Is Sleeping":

Royksopp "Junior"



Não era dos regressos à boa forma mais esperados de 2009, mas, como é hábito nestas coisas da música, só um tolo é que se queixa das surpresas agradáveis. O duo norueguês, ajudado por um conjunto de vocalistas que incluem Robyn, Anneli Drecker, ou Karin Dreijer-Andersson (The Knife, Fever Ray), retirou boa parte dos resquícios do malfadado "downtempo" do seu som, transformando-o em techno-pop garrido e sexy, de olhar parado e fatal, ao bom jeito escandinavo. Mais um exemplo, como quem lê este blog já terá provavelmente reparado, de como a pop electrónica em geral, e a Escandinávia em particular, têm tido um ano em grande. Aliás, em breve discorrerei aqui sobre o novo e excelente disco dos Pet Shop Boys. Quanto a "Junior", é sem dúvida o melhor disco da carreira dos Royksopp, e promete trazer romantismo e arrebatamento futurista a todos que sigam o seu chamado.

Em baixo podem ouvir "The Girl And The Robot" com a participação de Robyn:

Vuk - não cevic



Artista que, a julgar pela informação contida no seu MySpace, divide o seu tempo entre Helsinquia e Nova Iorque, Vuk transporta consigo o peso de muitos "antepassados" escandinavos, nesta zona de pop gelada e excêntrica. Aqui estão a folk arrevezada de Lau Nau ou Islaja, o baile de marionetas de Anja Garbarek, ou mesmo a ternura de uma Stina Nordenstam ou Emilliana Torrini. Tudo isto, claro, regado com instintos psicotrópicos, instrumentação que recorda o arcaísmo dos Pram, e uma voz brincalhona e evocativa. Uma óptima surpresa, cujo "The Plains" saiu a 22.04.2009.

Músicas para ouvir aqui.

Annie e o romance de Verão

A diva pop norueguesa tão adorada pelos bloggers deste mundo (merecia muito mais, mas é a vida) ainda não tem uma data certa para o lançamento do segundo álbum "Don't Stop", mas tem, em "Anthonio", um fantástico avanço para o mesmo. A história de um engate no Rio de Janeiro, baseado na velha história do "Não, eu gosto mesmo de ti! Isto é para durar! A sério!", cantado por Annie com um misto de saudade, melancolia e sarcasmo, muito para lá da merda para comédias românticas das Avrils, Pinks, Hillarys e tais. Com a ajuda de sintetizadores em perfeito modo Space Shuttle-a-rodopiar-à-volta-da-cabeça-e-a-deixar-nos-tontos, "Anthonio" é um dos grandes singles de 2009!

Podem ver o vídeo em baixo:

Nova música de Dinosaur Jr



J.Mascis, Lou Barlow e Murph apresentam a primeira música extraída de "Farm", disco com lançamento marcado para 22.06.2009. "I Want You To Know" não se desvia do som clássico dos Dinosaur Jr, o que são boas notícias, pois mais ninguém faz este rock que transformou a herança hardcore, Sonic Youth e indie em algo arrastado, distorcido, sonolento e repleto de feedback assim tão eficazmente. Este é outro caso em que um concerto em sala própria e longe de festivais se justificava, se o cachet o permitir:

Podem ouvir "I Want You To Know" aqui.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Bat For Lashes "Two Suns"



Pormenor importante: Este é, até ao dia 30 de Abril de 2009, o melhor disco que este ano deu a conhecer. Natasha Khan fez uma autêntica obra-prima do seu segundo disco. Com antepassados em todas as cantoras que trouxeram transcendência, realidade aumentada, expressividade à pop, como Kate Bush, Liz Fraser (Cocteau Twins) ou Mimi Goese (Hugo Largo), Natasha dá um passo adicional, e coloca-as em órbita de Saturno, numa redoma de vidro que absorve a poeira cósmica, transformando-a em sons sintéticos carregados de romantismo, sensualidade e mistério. "Glass", "Moon And Moon", "Daniel", "Pearl's Dream", "Travelling Woman", ou o dueto com Scott Walker que encerra o disco, "The Big Sleep", constituem um desafio que será muito difícil de suplantar nos meses que restam de 2009!

Em baixo podem ouvir "Glass", faixa de abertura do disco:

Green Day - novo single

Sim, este concerto é a não perder! Estes tipos têm uma colecção impressionante de canções pop-punk de efervescência irresistível, e só se fosse maluco é que não quereria lá estar!

"Know Your Enemy" serve de avanço a "21st Century Breakdown". Nota-se um som bastante mais enraízado no hardrock, sem com isso perder aquela frescura que parece embalada em vácuo, imune a contaminações. O vídeo pode ser visto em baixo:

Girls Aloud ao vivo

Não há muitas - aliás, praticamente nenhumas - girls-bands que gostasse de ver por cá. As Girls Aloud são honrosa excepção. São-no porque os seus escritores de canções, o colectivo Xenomania, sabem que a pop deve ser mais do que o vaudeville brit-bimbas de umas Spice Girls, o r&b socialite de umas All Saints, ou até as baladas telenovelescas que contaminam o que poderia ser o bom repertório das Sugababes. Deve olhar para o futuro, imaginar um refrão não como O clímax, e sim um de muitos arrepios na espinha. Deve surpreender, encontrar novas soluções dentro do formato da celebração colectiva. É isso que tantos singles deste colectivo de cinco raparigas tem feito ao longo da sua carreira. Na impossibilidade de Portugal receber Sarah, Kimberley, Cheryl, Nadine e Nicola, aqui fica a interpretação de "Biology" em Manchester:

Lista pura



Venho aqui agradecer efusivamente aos participantes nas caixas de comentários da Blitz. Isto é que é uma lista! Qual James Brown? Qual Aretha Franklin? Qual Marvin Gaye? Matt Bellamy e Axl Rose é que é! Se estou surpreendido? Claro que não. E, valha a verdade, a lista desses leitores até tem muita coisa jeitosa. É apenas demasiado fechada no seu gueto.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Fever Ray "Fever Ray"



Não sendo a primeira vez que falo aqui do projecto de Karin Dreijer Andersson, não é possível evitar uma menção ao seu álbum como um todo. Apetece usar o cliché, e falar de "Fever Ray" como o disco que coloca a synth-pop no meio dos fiordes, florestas e nevoeiros da Escandinávia natal de Karin. Não há aqui nada do que se vulgarmente se entende por melodias calorosas, ou refrões de estádio. "Fever Ray" é ferida que sangra lentamente, corpo preservado pela baixíssima temperatura, vozes que só podem existir, paradoxalmente, no vácuo. O caminho é lento, as palavras e os ruídos electrónicos fluem a um ritmo que poderia ser pachorrento, se não parecesse tão intenso. A ouvir de óculos escuros para evitar ofuscações.

Em baixo pode-se ouvir "I'm Not Done":

Mulatu Astatke & The Heliocentrics "Inspiration Information"



Uma colaboração organizada pela editora Strut, entre o veterano pai do jazz etíope, e o colectivo britânico fã dos lados mais cósmicos e exóticos do jazz, e do ritmo único do funk. "Inspiration Information" é uma obra que se ouve com grande deleite, cujas propriedades são exactamente aquelas que põem um disco destes num patamar superior. Melodias que levam o jazz dos EUA até a África Oriental, com escala extra no Médio Oriente, acompanhadas por uma banda com as veias e artérias cheias de funk e soul até rebentar. A cada passo, descobre-se um novo ritmo que preenche todos os espaços de energia cinética, uma inspiradíssima tirada do vibrafone, piano ou clarinete do Mulatu Astatke, e a vontade de deixar que toda esta combinação nos provoque a vibração incontrolável que a música deste quilate merece. Um concerto cá era bem bonito!

Em baixo um vídeo de uma actuação em Helsinquia:

domingo, 26 de abril de 2009

MANCHESTER UNITED 5 TOTTENHAM 2

0-1 Bent 29'



0-2 Modric 32'



1-2 Ronaldo 57' (pen)



2-2 Rooney 67'



3-2 Ronaldo 68'



4-2 Rooney 71'



5-2 Berbatov 79'



Uma 2ª parte de sonho, liderada pelo génio da dupla Ro-Ro, mantém o United com 3 pontos de avanço.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Depeche Mode "Sounds Of The Universe"



Não é desta que os Depeche Mode poderão ser considerados uma banda sem nada para dizer. Nada de novo? Talvez. O som em "Sounds Of The Universe" é, mais do que inovador, depurado. Em vez da grandiosidade de discos como "Music For The Masses" ou "Songs Of Faith And Devotion" (os dois óptimos, atenção), aqui joga-se mais ao toca-e-foge, com finas agulhas electrónicas que têm algo de semelhante com aquilo que os Kraftwerk fizeram quando "rearranjaram" o seu catálogo para a digressão que passou pelo Coliseu de Lisboa. E à frente de tudo temos a voz, sempre excelente, e fornecedora de melodias certeiras, de Dave Gahan. Músicas inspiradas há bastantes, desde a primeira, e muito sensual, "In Chains", ou outras como "Hole To Feed", "Peace", "Corrupt", e o magnífico single "Wrong". Trata-se de um álbum bastante "noir" (diferente do "negro" da depressão estilosa), onde encontra pontos semelhantes a "Ultra", mas com mais delicadeza, que já se podia entrever em "Playing The Angel". Um pacote de onde se poderão tirar boas adições à setlist da nova digressão.

Em baixo pode-se ouvir "In Chains":

Que é feito da música?



O Ípsilon, anteriores encarnações incluídas, tem sido companheiro da vida de melómano por muitos anos, e nele têm escrito algumas das pessoas que mais gosto de ler quando falam e pensam a música. Infelizmente, nos últimos tempos, a música parece andar a perder espaço no suplemento, com a excepção da clássica/erudita que hoje até tem a capa. Algo está diferente quando, numa edição, apenas dois artistas (B Fachada e Mísia) merecem menção. Não é possível que não haja mais nada a sair, e a merecer espaço e interesse, português ou estrangeiro. O que se passa para haver tal redução na oferta? Espero que seja uma coisa passageira, e que o Ípsilon volte a proporcionar a boa e variada leitura a que me habituou.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

MANCHESTER UNITED 2 PORTSMOUTH 0

1-0 Rooney 8'



2-0 Carrick 81'



Um triunfo que podia ter sido mais seguro, garantido por dois passes excelentes. O avanço sobre o Liverpool passa para 3 pontos com um jogo a menos.

Lindstrom & Prins Thomas "II"



"II" pouco terá a ver com a ideia comum de "música de dança". E seja como for, isso é daqueles rótulos que hoje em dia significa tanto como "verdadeiro hip-hop", "música alternativa" ou "retorno de capital garantido". O que a dupla norueguesa fez aqui é uma colecção de músicas que progridem a passo lento, com melodias tiradas de pequenos, mas certeiros, golpes de sintetizador, baixo, guitarra ou batidas. Assim, mais do que falar em "cosmic disco", evoluímos para um ponto em que o progressivo-kraut-ambient de Tangerine Dream ou Manuel Gottsching sente uma necessidade de comunicar mais imediata, mas igualmente dotada de uma filigrana belíssima, que dá vontade de seguir em todos os pontos. Na falta de melhores conhecimentos desta área, talvez possa falar naquilo que poderia ter acontecido aos Air, caso "10000 Hz Legend" tivesse buscado outras, e melhores, inspirações para concretizar a sua ambição. Um disco onde se pressente o gosto pelo detalhe em cada passo, e pelo qual os melómanos devem agradecer.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

José Sócrates Vs Rui Monteiro?



Na Time Out de hoje, na antevisão ao Indie Lisboa, Rui Monteiro falava do filme acima num texto que continha a seguinte frase:

"Foi um tempo em que a vontade dos partidos e dos industriais e dos criminosos se confundiram numa misturada de interesses e ambições que fazem Berlusconi e Sócrates parecerem aprendizes..."

O colega João Miguel Tavares não lhe ensinou nada sobre a susceptibilidade do PM a estas coisas?

PS: Só para esclarecer, este post não contém nenhuma espécie de ataque ao Rui Monteiro, e pretende apenas brincar com a susceptibilidade do PM.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Metronomy - irritação

Já disse, e repeti, o quanto gosto de synth-pop. O que pensar, então, quando as grandes e ambiciosas melodias, e ambiente estou-fora-do-mundo-mas-olho-para-ele-de-cima das bandas históricas do género (mais algumas coisas novas) são substituídas pelo que vejo esta banda fazer?

É simples! O que penso é que o mundo ficaria um sítio bem melhor sem esta variação da habitual schmindiezice "As miúdas não gostam de nós, porque somos desajeitados, despenteados e nos vestimos mal como o caraças!", com vozes patetas, e sintetizadores para lá de roscof! A equação é básica! Isto com guitarras é irritante e reaccionário! Com sintetizadores também é!

Isto foi o catalisador deste post. Espero nunca ter que clickar no play:

Vídeos de rock fm feminino




Falo das Kelly Clarksons, Avril Lavignes, Paramores, Ashlee Simpsons, etc. Não falo disto por gostar ou não gostar das músicas (não gosto). Apenas porque isto me chamou a atenção. É um bocado como os anúncios de detergente em que os fabricantes aceitam sem pestanejar qualquer ideia de agências publicitárias que passe por "E se puséssemos uma comparação entre um Detergente Normal e o vosso, que mostrasse que o outro não tira as nódoas e o vosso tira?". Parece que a ideia para quase todos os vídeos desta gente tem apenas que seguir 3 regras:

1 - Cantora aparece em várias cenas com contexto de começo/fim/dúvidas sobre relações amorosas

2 - Cantora aparece agarrada ao microfone, fazendo movimentos e expressões exuberantes, tirados directamente da escola "Granda Maluca Do Roque"

3 - Restantes membros da banda - todos homens - olham para o chão enquanto sacam riffs punk-pop açucarados

Quem for ver a Katy Perry ao Campo Pequeno que me diga se foi diferente.

Teoria para debates



Seria engraçado se algum participante num debate televisivo levasse um dispositivo de reprodução de sons, e cada vez que um oponente dissesse algo mais controverso, era só activar o aparelhómetro, e ouvir-se-ia a voz imponente de Dave Gahan a gritar: "WRONG"!

Pelo menos era mais divertido do que a gritaria "Deixe-me agora falar! Na..deix...agorr..." habitual, não?

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Yeah Yeah Yeahs 2

Esta versão de "Human Fly", dos Cramps, foi apresentada ao vivo no festival de Coachella na California. Uma apropriada homenagem a um dos melhores frontmen de sempre, por uma das melhores frontperson da actualidade:

Yeah Yeah Yeahs "It's Blitz"



Ao terceiro álbum, Karen O, Brian Chase e Nick Zinner conciliam a alegria de viver, tocar música e ter uma libido activa contida em "Fever To Tell", com a progressão que já se notava em "Show Your Bones", mas agora muito melhor consolidada. Abrindo logo com a fabulosa aventura Blondie trespassada por descarga de alta voltagem de "Zero", "It's Blitz" transporta os melhores genes do punk, new wave, sintetizadores e power-pop novaiorquinos para um disco sexy, como poucas coisas hoje em dia. E que ninguém se confunda com as coordenadas que aqui deixei. "It's Blitz" é, sobretudo, óptima pop. E nem falta, em "Skeletons", uma digna sucessora da clássica "Maps".

Em baixo, um vídeo para "Zero":

Manchester United 0 Everton 0 (2-4 em penalties)

Os penalties:



A 2ª linha do United não esteve à altura, e o resultado foi a eliminação nas meias-finais da FA Cup.

Throbbing Gristle - Ontem e hoje

É sempre um risco quando uma banda que no seu tempo foi considerada perigosa e subversiva se reúne para novos concertos e discos. Onde antes uma assistência iria com a incerteza e sensação de risco na mente, 30 anos depois talvez veja tudo como um espectáculo de cabaret "radical" onde quer entrar, e onde os sorrisos e os telemóveis substituam a intensidade e o perigo. Veja-se, como exemplo, estas duas interpretações de "Discipline", separadas no tempo por mais de 25 anos:



quarta-feira, 15 de abril de 2009

Kanye West "808s & Heartbreak"



É incrível a mudança que Kanye West levou a cabo no seu quarto disco. Mesmo tendo em conta os momentos confessionais e vulneráveis que já existiam nos anteriores, muito pouca ou nenhuma gente estaria à espera disto. No fim de 2008 aparece, então, um disco feito de voz, poucos convidados, efeitos de auto-tune, e música electrónica esquelética, fria, minimalista, perfurante. E o resultado é um disco de electro-soul-pop assombroso. A obra de alguém que reduz ao osso o seu som para lhe aumentar o impacto. "808s & Heartbreak" é desolado, desesperado, intenso como o bater numa porta que se fecha impiedosa às 4 da manhã. É o ponto em que Otis Redding e Soft Cell consumam um casamento que poucos achariam possível. Pode não ser o melhor de Kanye, visto que a concorrência de "The College Dropout" e "Late Registration" é feroz. Merece, contudo, o epíteto de obra-prima!

Em baixo o vídeo de "See You In My Nightmares":

PORTO 0 MANCHESTER UNITED 1

0-1 Ronaldo 5'

Link: FC Porto 0-1 Manchester Utd



Um golo assombroso do melhor do mundo resolveu uma eliminatória disputada até ao fim. Segue-se o Arsenal.

Resumos futebolísticos parvos



Pensei nisto enquanto assistia ao resumo na RTP do Chelsea-Liverpool, jogo cujas características deviam ter bastado para que o dito resumo tivesse emoção, mas não foi isso que a realização achou.

Gostava, sinceramente, de saber quem é que decidiu que seria interessante comentar resumos de partidas já terminadas, como se fosse um jogo em directo e o resultado não fosse já conhecido. É absolutamente tolo ouvir o comentador a relatar cenas desgarradas como se não soubesse já o que vai acontecer a seguir. É que nem se trata de um jogo em diferido, é mesmo só as cenas marcantes do jogo. No caso do jogo de ontem, então, foi praticamente só os golos. Ora, quem está a assistir, sabe, quase de certeza, o resultado do jogo. Ou já viu o online, OU VIU NO PRÓPRIO PROGRAMA 2 MINUTOS ANTES!!! Que interesse terá, então, nesta "tentativa" parola, bacoca e forçada de demonstrar emoção? Não será muito melhor tentar descrever o que se passou, com a excitação natural do adepto de futebol que assiste a um jogo que foi repleto de golos, suspense e grandes jogadas e tenta transmitir o que viu, do que fazer algo tão ridículo?

terça-feira, 14 de abril de 2009

Vale a pena?



Os Arctic Monkeys, banda que, após desconfiança inicial, passei a estimar grandemente, puseram um excerto de gravação do seu 3º álbum no seu site, na forma de vídeo.

O que tem esse vídeo? O ensaio da letra? O aperfeiçoamento do refrão? O riff central? A secção rítmica? A discussão sobre a estrutura da música? Nem por isso. Ao que diz a notícia no NME, vê-se "The final 30 seconds of a video hosted by drummer Matt Helders sees him and frontman Alex Turner harmonising over a guitar part".

É evidente que é bastante tolo esperar que se possa assistir à criação de todas as músicas de um álbum em directo quando se clicka nos links destas coisas, quando as bandas dizem que os fãs vão poder ver instantes da gravação/ensaios em directo, só que isto já é um bocado pateta demais!

sábado, 11 de abril de 2009

SUNDERLAND 1 MANCHESTER UNITED 2

0-1 Rooney 18'



1-1 Jones 54'



1-2 Macheda 75'



Pela 2ª vez seguida, Macheda mantem o United no topo da Premier League.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Nova de Eels



4 anos depois do óptimo "Blinking Lights And Other Revelations", os Eels de Mr. E preparam-se para editar "Hombre Lobo", no próximo dia 2 de Junho. "Fresh Blood" é o primeiro single do novo disco, e mostra um certo regresso ao efeito thriller psicológico de "Souljacker". Mr. E parece avançar camuflado em direcção à sua vítima, até que diz "Sweet baby I need fresh blood", e a faixa explode num efeito ascendente de sintetizador. Bom território para os Eels, portanto!

A música pode ser ouvida aqui.

The Specials em 2009

A histórica banda, cabeça-de-cartaz do revival do ska em finais da década de 70, princípios da de 80, liderada pelas bandas ligadas à 2-Tone Records (The Beat, The Selecter, Madness), reuniu-se este ano para actuações ao vivo. Na impossibilidade de os vermos cá (duvido que haja fãs suficientes para reúnir o dinheiro do cachet), ficam duas músicas interpretadas ao vivo no programa de Jools Holland na BBC:



Van Der Graaf Generator - Um obra monumental em 3 partes

Uma procura no YouTube resultou na descoberta desta interpretação de "A Plague Of Lighthouse Keepers" para a televisão belga. Presente no álbum "Pawn Hearts", "A Plague Of Lighthouse Keepers" é um exemplo formidável de como todo o peso, dúvida, existencialismo e solidão de uma vida podem ser tratados de maneira visceral, quer na forma musical, quer no conteúdo lírico. As imagens metafóricas da torre do farol e das ondas impiedosas que contra ela chocam encontram correspondência na fúria da música. Ainda me faltam conhecer bastantes coisas dos Van Der Graaf Generator, mas felizmente que esta não é uma delas:





quarta-feira, 8 de abril de 2009

Teorias de Rick Rubin



A seguinte citação é tirada de uma peça da Mojo, em que o conhecido produtor conversa com os lendários songwriters Leiber & Stoller. Rubin dá a sua opinião sobre a influência da música de origem negra no rock e pop tocado por artistas brancos:

"I think it continually changes. In the 90s there was nu-metal which was clearly influenced by rap music. Then there was a phase of sort of alternate music more influenced by sort of 80s new wave that was less influenced by black music. And then it went to The White Stripes and The Black Keys and the bands that are influenced by older black music. So it sort of comes in waves, there's no formula to it. The reason, I think, that in Leiber & Stoller's day Pat Boone could have a hit with a whitewash version of Little Richard was that you couldn't hear Little Richard. In today's world, when you can hear the real thing, it's much harder to ape black culture, so you have to be really good at it."

Solidariedade com a Amplificasom


Esta mensagem é transcrevida integralmente do blog desta promotora que tem feito um trabalho notável na zona do Porto. Por menos leitores que este meu blog tenha, considero indispensável espalhar a mensagem, para que algo possa ser feito no futuro de modo a mudar este estado de coisas:

Olá a todos,

É neste dia chuvoso e triste que vos decidimos escrever, temos algumas coisas para partilhar convosco.

Como muitos de vocês sabem, a Amplificasom apenas surgiu pela enorme vontade que tanto eu como o Jorge tínhamos (e temos) em ver as nossas bandas preferidas aqui na nossa cidade, no nosso país. Quem repara na relação preço dos bilhetes/ qualidade das bandas e no facto da Amplificasom não ter qualquer tipo de apoio, fundos ou patrocínios sabe que apenas dependemos da bilheteira e que ao fim da noite, com todas as despesas e responsabilidades, seria impossível ganhar o que quer que fosse. Mesmo que ganhassemos, duvido que pagasse todo o nosso empenho e dedicação, MAS infelizmente nem todos estamos no mesmo caminho, nem todos estamos nisto pela MÚSICA.

É com revolta e frustração que vos informamos que uma tal organização prevista na lei e que se auto denomina como protectora dos direitos de autor exigiu licenças para os próximos concertos da Amplificasom. Não somos incumpridores, não queremos o mundo à nossa maneira, mas a partir do momento em que uma licença para um concerto custa mais do que o cachet da banda então é porque algo está errado e devia ser revisto. Essa tal organização privada tem uma maneira de trabalhar bastante duvidosa e apesar de ser contestada por muitos não há maneira de os fazer parar. Quem está no meio sabe que bandas como os A Storm of Light (que sábado deram um concertaço enorme), por exemplo, nunca receberão um tostão relacionado com os direitos de autor, todo esse dinheiro vai para os "chicos fininhos" deste país e sabe-se lá mais para quê. Enfim, não me vou adiantar muito mais até para não vos maçar. Quero-vos apenas relembrar que nós na Amplificasom AMAMOS E RESPIRAMOS música, estamos nisto pelo som e as bandas são sempre a nossa prioridade, simplesmente não fazemos milagres (se calhar até já fizemos alguns) e sendo assim temos algumas alterações para vos anunciar:

- Os bilhetes para This Will Destroy You terão um preço mínimo de 10€ e não 8€ como estava estipulado (lá está, temos que tirar uma licença mais cara do que o cachet e ao mesmo tempo não aumentar muito o preço pois vocês não têm culpa). Quem já reservou, sintam-se livres para cancelar, quem ainda não reservou e tenciona ir então reservem-no o mais breve possível.

- Nós e a Lovers decidimos cancelar o concerto de Jarboe + Black Sun. É impossível garantirmos todas as condições que alguém como a ex-Swans merece e depois ainda pagarmos a treta do costume. Esqueçam, neste campeonato não dá.

- Desde a passada quinta-feira que temos confirmado um daqueles concertos pequenos mas gostosos para o dia 5 de Maio. Com a desmotivação que estamos, hoje não teríamos acordado trazê-los cá nem marcado cinco datas ibéricas, mas agora já lhes demos a nossa palavra e contamos convosco para que corra bem. É uma banda de pós-metal da Relapse, daremos mais novidades no blog dentro de dias.

- É provável que o concerto dos suecos Kongh (16 de Maio) seja o último durante algum tempo. Estamos cheios de ideias para o futuro, projectos com malta com a qual nos identificamos e até temos concertos já confirmados para Outubro, mas hoje sentimo-nos amargos e traídos depois de tudo o que temos dado e feito pela música ao vivo nesta cidade. Bem, logo se vê...

Até breve.

Abraço,
André e Jorge (Amplificasom)

Ps- Vale o que vale mas assinem: http://www.petitiononline.com/abzhp/petition.html

Pobres crianças!



No Sound & Vision, João Lopes lamenta que as crianças tenham, numa votação da Nabisco, escolhido uma cena do primeiro Harry Potter como a melhor de sempre do cinema.

Mas às tantas o conhecido crítico de cinema diz:

"as referidas bolachas não podem ser responsabilizadas pelo metódico trabalho de esvaziamento do conceito de memória a que são sujeitas as nossas hiper-protegidas crianças"

Pode ser que eu esteja a perceber mal. É que se não...memória do QUÊ? Não tem que haver a memória de algo para que a mesma se possa esvaziar? Que filmes é que eles se esqueceram?? Era suposto terem visto o quê à idade que terão agora???

Filosofia Blasted - Novos capítulos



Ou isso é como quem diz, porque, a julgar pelas declarações à Time Out de hoje, as coisas estão mais ou menos na mesma...

"...Daí o álbum ter algumas características de uma carga mágica ou espiritual. É feito de magia científica e ciência mágica."

"A geometria sagrada foi o mote."
"Tem a ver com a perfeição da natureza."
"Daí o mágico-científico. Se calhar mágico-geométrico faria mais sentido."

"É tirar as pessoas do contexto urbano e metê-las na natureza. Recriar o Jardim do Éden."
(Nota: Não deviam abdicar do avião para lá chegar e da roupa nesse caso?)

"Vejo os Blasted como uma banda progressiva. Num sentido optimizado, claro, e não no sentido das bandas dos anos 70."

Confesso que não me sentiria tão tentado a transcrever estas citações se, depois disto tudo, as letras deles não fossem à base do "Eu acredito nas pessoas", ou, no caso dos títulos das canções do novo disco, cenas como "Under The Sun" ou "Source Of Light". É que para banda "progressiva", ainda lhes falta progredir do hippie-místico mais básico!

MANCHESTER UNITED 2 PORTO 2

0-1 Rodriguez 3'



1-1 Rooney 15'




2-1 Tevez 85'



2-2 Mariano 88'



Um jogo de altíssimo nível, que deixa antever uma 2ª mão emocionante, onde o United terá de jogar muito para passar às meias-finais.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

The Skatalites@Santiago Alquimista

Num Santiago Alquimista completamente à pinha, com um público incrivelmente jovem, se considerarmos a idade da banda, os Skatalites tiveram contra si um voo atrasado, e um som com problemas nas primeiras músicas, e deram a volta a tudo isto para darem um concerto magnífico. A banda que pegou no jazz, swing e r&b, e transformou-os numa criação original da ilha da Jamaica, levou todo este caldeirão à multidão que pulou, dançou, cantou, pulou e gritou como se não houvesse amanhã. E por aqui passa também o rocksteady, o reggae, e mesmo a música das bandas-sonoras de Lalo Schifrin ou John Barry. Em resumo, nada aqui é deixado ao acaso ou é destinado ao repouso e a contemplação. Se a idade avançada da banda não é indicada para grandes movimentações em palco, a música mais do que compensa. Ao fim de 95 minutos, o público ainda pedia efusivamente o regresso, o que obrigou um roadie a avisar que não haveria mesmo mais. Compreende-se. E depois do que se passou, quem lhes poderia levar a mal?

Nota: 9/10

Um vídeo - mais uma vez com mau som, mas é o que se arranja - da noite de onteM

Pearl Jam - Eu Vs JML




Na edição de Sábado do suplemento Actual do Expresso, o estimado JML escreveu um texto especialmente cáustico sobre a, já aqui elogiada, reedição de "Ten", álbum de estreia dos Pearl Jam.

No restante deste post irei apresentar os meus argumentos relativos à defesa do dito álbum, de uma forma cuidada e apoiada em pormenores que me pareçam relevantes, procurando evitar a habitual grunhice dos comentários anti-gajo-que-disse-mal-da-nossa-banda. Para mais, não é nada que não seja habitual entre melómanos blogueiros de outras paragens.

Sendo assim, aqui vai:

- "Mickey Rourke lamenta que o caminho glorioso do glam metal de Guns N'Roses e companhia tenha sido arruinado nos anos 90 com a chegada de Kurt Cobain e do grunge"

O caminho glorioso dos G'N'R não foi interrompido por ninguém excepto pelos próprios. O díptico "Use Your Illusion" deu azo a uma digressão que encheu estádios pelo mundo todo ao mesmo tempo que Nirvana e Pearl Jam atingiam o sucesso. Os Bon Jovi também encheram estádios durante essa época, sobretudo na Europa. O álbum dos Van Halen de 1991 foi um sucesso, tal como "Adrenalize" dos Def Leppard, e os Aerosmith tornaram-se mais populares do que nunca. Outros, como os Motley Crue, sofreram por terem trocado de vocalista e lançado músicas pouco apelativas para as rádios, o mesmo acontecendo com David Lee Roth. Entretanto, a popularidade de clássicos como Metallica, Led Zeppelin, Black Sabbath e AC/DC nunca caiu, conquistando mesmo milhares de fãs entre as novas gerações. Perderam-se uns Tesla, Poison, Cinderella, Dokken, Ratt e afins? Paciência!

- "Do glam metal, os Pearl Jam (e o grunge) excisaram o glam, a agilidade, a exuberância visual, a força rítmica e, pior que tudo, as canções"

Colocando de lado a questão das aparências, em que poderíamos debater quem atingiu estatuto icónico nos dois campos, vejamos as restantes questões. É difícil dizer que deixou de haver "canções", sobretudo se pensarmos que tantas atingiram o estatuto de hinos. É verdade que isso não deixa de ser um facto para muitas tragédias musicais ao longo da história, mas o facto é que não faltavam melodias inspiradas às bandas da altura. Apenas mais derivadas da história do hardcore, hardrock mais duro, punk e metal. Ou até de gente como Neil Young, The Who, The Doors e até The Beatles e Pixies como era o caso dos Nirvana. Quanto à dita força rítmica, é impossível não apresentar como argumento contrário o trabalho de Matt Cameron em "Superunknown" dos Soundgarden, onde a bateria aparece como herdeira directa de John Bonham. E onde há Bonham há força rítmica. Compare-se isto ao anónimo boom-PAH de milhentas bandas dos 80s, e, pelo menos para mim, vê-se onde está a força rítmica.

- "'Ten' é um pastelão disforme e atolado em autocomiseração. 11 capítulos onde Eddie Vedder mastiga sílabas e o resto da banda toca rock virtuoso e castrado."

É muito difícil considerar "Ten" disforme. Por mais "virtuosismo" que se veja, não existe nenhuma canção no disco em que as guitarras sabotem a ideia de canção com princípio, meio e fim. Observemos as mais compridas intervenções das guitarras, como em "Even Flow" ou "Alive". Em nenhuma destas se perde o lado melódico e, diria, cantarolável. Ao mesmo tempo, mais do que autocomiseração, músicas como "Black" ou "Jeremy" são gritos, são rock pronto a rebentar com as artérias, incapaz de ser contido dentro de uma boca humana. O que as bandas que se seguiram, como os atrozes Godsmack, Staind ou Creed, fizeram, foi retirar toda esta ideia de catarse e substituí-la pelo balão de ar rock FM que, aí sim, era herdeiro do glam metal. Quando Scott Stapp cantava "With Arms Wide Open", não era difícil visualizar Jon Bon Jovi a fazer o mesmo.

Em jeito de conclusão, afirmo que, mais do que precursoras de uns Live, Candlebox ou Matchbox 20, os Alice In Chains, Pearl Jam ou Soundgarden (os Nirvana estão excluídos, por não terem sido "alvejados") são herdeiros dos Black Sabbath ou Led Zeppelin (que não são inocentes no reino da autocomiseração). E o mundo fica mais a ganhar com esta espécie de rock, em que a melodia e as grandes canções se conjugam com riffs que rasgam a pele, em vez de de disputar espaço épico com teclados foleiros e baterias unidimensionais. "Ten" é um álbum que merece ser posto ao lado da grande linhagem, e não dos desastres.

domingo, 5 de abril de 2009

Manchester United 3 Aston Villa 2

1-0 Ronaldo 14'



1-1 Carew 30'



1-2 Agbonlahor 58'



2-2 Ronaldo 80'



3-2 Macheda 90+3'



Uma excelente recuperação e um grande golo de um jogador de 17 anos mantém o United na frente!

Parabéns aos protestantes!



Claro, eu percebo. Ficaram fodidos por não terem conseguido chegar ao pé do edifício da cimeira, e tinham que descarregar essa energia raivosa acumulada de alguma maneira. E que melhor maneira de o fazer senão partir e deitar fogo ao local de trabalho de outras pessoas que não têm nada a ver com o assunto? Claro, perdem o trabalho e tal, mas decerto compreenderão que foi no âmbito de uma tomada de posição simbólica contra os pérfidos imperialistas. Quando ateiam o fogo à loja estão, na verdade, a ver a cara de um Jaap de Hoop Schaffer ou Angela Merkel. Sem dúvida que na sociedade sem chefes e classes que vocês defendem essas pessoas viveriam muito melhor e mais livres. Aliás, se não o quisessem, decerto depressa seriam "admoestadas". O meu agradecimento profundo vai para vocês, e toda a "liberdade" que representam. Algo, aliás, partilhado por aqueles gajos que também odeiam a NATO. Uns tais de talibans!

(nota: embora discordando de várias das suas posições, o direito legítimo de protestar pacificamente, usado pela maioria dos manifestantes em Estrasburgo, não está, de forma alguma, posto em causa)

sábado, 4 de abril de 2009

Born A Lion + The Hypers@Musicbox

Foi uma noite muito agradável aquela que os Born A Lion ofereceram para apresentar o seu novo, e francamente superior ao anterior "John Captain", álbum "Bluezebu". A informação sobre a banda no anúncio do concerto fala em Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. Dos primeiros viu-se muito nos riffs da guitarra, dos outros não se pode dizer que tenha havido muito, apesar de estarem como influência no MySpace da banda. Aqui mora mais a urgência garage de uns MC5 (houve versão de "American Blues"), a tremideira do eixo Kyuss-QOTSA, ou até algum do deboche de uns Monster Magnet, menos o psicadelismo destes últimos. Dúvidas que esta malta ama o rock and roll com todo o seu ser sobram poucas. Um guitarrista - Melquiadez - não tem aquele cabelo e barba, e aquele blusão de ganga por diversão, e um baixista - Nuñez - não tem um baixo à Lemmy só porque sim. E a verdade é que tocam de forma a que cada segundo seja um concurso de tiro ao alvo em que qualquer falha seja eliminação automática. Mereciam é, talvez, um público mais participativo. É certo que os entusiastas impuseram dois encores, mas a regra poucos-mas-bons não esteve propriamente entre os cerca de 50 presentes no Musicbox, entre os quais se contava o lendário António Sérgio, a quem a banda dedicou uma música. Venham mais concertos e palcos.

Nota: 8/10

Os The Hypers entraram em palco com menos de 15 pessoas na sala. Tentaram o seu melhor, num estilo entre o garage e o punk, devidamente vitaminado e empenhado, em formato de power-trio. Uma comparação poderão ser os "desaparecidos" Soledad Brothers, o que não é desonra para ninguém. Veremos se os próximos tempos os fazem subir um pouco mais na escala.

Nota: 7/10

Em baixo, um vídeo - com som um bocado mauzito - para "Chemical Vibes", música de abertura do concerto:

sexta-feira, 3 de abril de 2009

The Bombazines - Portugueses e excelentes!



A foto é praticamente a única que existe, por isso terá de servir. Marta Ren (ex-Sloppy Joe) e Rui (ex-Zen) são a linha da frente desta banda. Porque é que é tão especial? Quem me ouviu falar por mais de 2 minutos é provável que me tenha ouvido queixar da forma como "soul" tem sido entendido pelos músicos portugueses. Voz límpida, bem desenhada, fresca, "boa vibe". Ora, desde quando é que a soul viveu sem umas boas tripas com vontade de saltar para fora? É isso que traz Marta Ren, e é isso, mais uma banda que sabe muito bem quem foram Sly Stone e os Funkadelic (é ouvir o orgão de Eurico Miranda capaz de derreter chapa metálica), que me deixa entusiasmadíssimo, e desejoso de que o EP que têm previsto lançar com a FNAC e a Optimus esteja já à venda este fim-de-semana!

Podem ouvir algumas músicas aqui.

Fever Ray ainda irrepreensível



Num ano que promete ser histórico para a synth-pop, Karin Dreijer Andersson está bem colocada para o terminar como uma das rainhas do mesmo. Em "Triangle Walks", o projecto Fever Ray da cantora dos The Knife pega nos intimismos de Bjork em "Post" ou "Vespertine", e leva-os aos seus expoentes, até que a evasão ao mundo real deixa de ser um desejo, para se tornar em algo vital. Esta música corre o risco de queimar a pele de quem tentar chegar demasiado perto. Ouça-se "Triangle Walks" em baixo e tire-se as conclusões que se quiser:


Fever Ray - Triangle Walks from SimonMA on Vimeo.

Mos Def de regresso



"The Ecstatic" é o álbum que se encontra a caminho do autor do fabuloso "Black On Both Sides". A julgar pelas faixas presentes no MySpace de Mos Def, este está em terreno de MCing conforme mandam as regras, com a sua voz autoritária rodeada de tambores raivosos, ou electrónica de alta pressão.

Produzidos por Mr. Flash e Preservation respectivamente, "Life In Wonderful Times" e "Quiet Dog" podem ser ouvidas aqui.

Who Made Who "The Plot"



Este é daqueles discos que obriga a questionar o que ouvimos no passado, só que não no bom sentido. O primeiro álbum dos Who Made Who, sem ser uma obra-prima, muito longe disso, tinha bons pedaços de disco-funk-pop, que ao vivo surgia ampliado em volume e groove, e proporcionava grandes incentivos à festa. Isto, pelo contrário, parece letárgico de ponta a ponta. É, basicamente, o que os Cut Copy fariam caso sofressem de anemia aguda irreversível. Sabe-se que os dinamarqueses têm um gosto especial pela performance em cima de um palco. Neste caso, terão que estar mesmo no pico da forma para dar vida a estas canções!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Comparação inevitável



O que fazer quando se ouve uma música, e pelo tom, timbre, cadência e tudo o mais da voz, e tipo de instrumentação, estamos perfeitamente convencidos que se trata de uma banda, e depois descobrimos que é outra?

Não - isto não são os Clã!

Sonic Youth - Nova música ao vivo

Alguém conseguiu, num concerto dos veteranos de NY no Chile, apanhar esta performance da nova "Calming The Snake".

Não tem propriamente black metal, mas quando ouvimos Kim Gordon a cantar no meio do habitual inferno SYiano, o que importa? Vídeo em baixo:

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Televisão clonada




Este texto foi publicado no Público de hoje por Jorge Mourinha:

"...começa a ser incómodo ver que não há mais ninguém para apresentar concursos; ou é Gabriel ou é Malato, tal como só Sílvia Alberto ou Catarina Furtado apresentam os programas e galas de fim-de-semana. Isso cria uma confortável sensação de continuidade para o espectador, mas sugere também que, na realidade, os concursos são todos iguais e intermutáveis entre si - é a temida redução ao mínimo denominador comum..."

Claro que isto não é novidade. Mas está bem expressado, e é sempre pertinente.

Grizzly Bear "Veckatimest"



O terceiro álbum dos Grizzly Bear mantém algumas das características do projecto Department Of Eagles, em que Daniel Rossen participa, e cujo "In Ear Park" foi o meu álbum favorito de 2008. A característica mais marcante da música de Rossen é a criação de um universo que é demasiado hermético para ser pastoral, demasiado cristalino na voz para ser psicadélico, demasiado percussivo para ser folk, e demasiado impressionista para ser pop. A voz, melíflua e límpida, é geralmente acompanhada de uma guitarra acústica que é mais rítmica que melódica, e por sons de bateria mais martelados que propulsivos. Pode tornar-se um pouco repetitivo, e esse problema sente-se mais aqui que em "In Ear Park". Não deixa, ainda assim, de conter uma grande beleza, que explora sabiamente todos os recantos de espaços falsamente reduzidos.

Podem ouvir aqui "Cheerleader" do disco:

O memorial de quê?



Não conseguem ver? É aquela coisa disforme, cor de ferrugem que está ali presa no muro que dá para o rio. Algo que a Sra. Beep Beep disse parecer uma coisa que sobrou de umas obras.

Não olham logo para ela e associam-na a um evento específico da história portuguesa? Não me digam! Aquilo não diz logo "PONTE DAS BARCAS! PONTE DAS BARCAS!"?

Vou experimentar esta brincadeira. Ora...isto é em homenagem aos mortos do acidente de avião nos Açores há alguns anos:



E isto é em honra dos emigrantes que fugiram da guerra colonial:



Esta, por último, é em homenagem a quem recebe subsídios para gozar com a cara das pessoas: