quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

MELHORES DO ANO 2009

50 - LA ROUX "LA ROUX"

49 - A PLACE TO BURY STRANGERS "EXPLODING HEAD"

48 - CALIFONE "ALL MY FRIENDS ARE FUNERAL SINGERS"

47 - EBONY BONES "BONE OF MY BONES"

46 - BATIDA "DANCE MWANGOLÉ"

45 - FUCK BUTTONS "TAROT SPORT"

44 - JULIAN CASABLANCAS "PHRAZES FOR THE YOUNG"

43 - TIAGO SOUSA "INSÓNIA"

42 - VUK "THE PLAINS"

41 - DALEK "GUTTER TACTICS"

40 - GARY WAR "HORRIBLES PARADE"

39 - SAMUEL ÚRIA "NEM LHE TOCAVA"

38 - ISIS "WAVERING RADIANT"

37 - THE HORRORS "PRIMARY COLOURS"

36 - NEKO CASE "MIDDLE CYCLONE"

35 - THE LEGENDARY TIGERMAN "FEMINA"

34 - DIZZEE RASCAL "TONGUE N' CHEEK"

33 - THE BLACK HEART PROCESSION "SIX"

32 - CACIQUE 97 "CACIQUE 97"

31 - POLVO "IN PRISM"

30 - ONEIDA "RATED O"

29 - ALICE IN CHAINS "BLACK GIVES WAY TO BLUE"

28 - LIGHTNING BOLT "EARTHLY DELIGHTS"

27 - DOOM "BORN LIKE THIS"

26 - ARCTIC MONKEYS "HUMBUG"

25 - ONEOHTRIX POINT NEVER "RIFTS"

24 - DINOSAUR JR "FARM"

23 - WOLF EYES "ALWAYS WRONG"

22 - DÂM-FUNK "TOEACHIZTOWN"

21 - MASTER MUSICIANS OF BUKKAKE "TOTEM ONE"

20 - THE XX "THE XX"

19 - BLACK BOMBAIM "BLACK BOMBAIM"

18 - SA-RA CREATIVE PARTNERS "NUCLEAR EVOLUTION: THE AGE OF LOVE"

17 - MAJOR LAZER "GUNS DON'T KILL PEOPLE, LAZERS DO"

16 - PET SHOP BOYS "YES"

15 - MORDANT MUSIC & SHACKLETON "PICKING O'ER THE BONES"

14 - LINDSTROM & PRINS THOMAS "II"

13 - DIRTY PROJECTORS "BITTE ORCA"

12 - BILL CALLAHAN "SOMETIMES I WISH WE WERE AN EAGLE"

11 - ANIMAL COLLECTIVE "MERRIWEATHER POST PAVILLION"

10 - YEAH YEAH YEAHS "IT'S BLITZ"

9 - NORBERTO LOBO "PATA LENTA"

8 - TERROR DANJAH "GREMLINZ (INSTRUMENTALS 2003-2009)"

7 - BAT FOR LASHES "TWO SUNS"

6 - FEVER RAY "FEVER RAY"

5 - ZU "CARBONIFEROUS"

4 - MADNESS "THE LIBERTY OF NORTON FOLGATE"

3 - MI AMI "WATERSPORTS"

2 - RAEKWON "ONLY BUILT FOR CUBAN LINX...PART II"

***** 1 - SUNNO))) "MONOLITHS & DIMENSIONS" *****

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Ciara "Fantasy Ride"


Como sempre, a pergunta tem que ser quantas músicas valem a pena. Ie: Quantas não são baladas. Resposta: 9. E isso é um número bastante aceitável, se considerarmos a qualidade apresentada por Ciara, a chamada rainha do Crunk&B, e gente como The Ys, Tricky Stewart & The-Dream ou Danja. Ciara tem um óptimo swing r&b-funk-hiphop na voz, navegando por entre sintetizadores que incham como balões a levar com doses maciças de hélio, e drum machines a repicar em ritmos de pulsação nervosa. "Love Sex Magic", com Justin Timberlake, e bem ao estilo deste último, tem inclusivé uma guitarra cheia de groove. Aliás, o disco tem dois locais de eleição, a discoteca e a cama onde não se dorme. É certo que podia-se tirar algumas músicas. Felizmente também é verdade que pop robusta como esta continua a ser muito apelativa em 2009.

Para ouvir - "Pucker Up"

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Gary War "Horribles Parade"



Depois de ouvir "Horribles Parade", talvez seja boa ideia reavaliar um aspecto importante de toda a carreira dos Residents. Talvez Gary War não aplique as mesmas camadas de ironia e subversão que os homens da cartola impõem às músicas americanas do século XX, e a verdade é que não se percebe as letras para se poder dizê-lo. No entanto, as semelhanças estão na sublimação, mastigação, trituração, seja o que fôr que queiram dizer, dos géneros musicais. Ouvem-se ecos de psicadelismo, synth-pop, post-punk, new wave, gótico, tudo soando, voz incluída, como fazendo parte de uma gigante máquina de fazer bolhas de sabão. E como o detergente utilizado é da qualidade adequada, quando rebentam na nossa cara ficamos cegos e deixamo-nos guiar pelos efeitos distorcidos da música. "Horribles Parade" é daqueles discos tão diferentes que o epíteto "fascinante" assenta-lhe que nem uma luva.

Para ver - "Highspeed Drift"

Girls "Album"



Nada neste disco aproxima-se, sequer, de letras e melodias "adultas". É preciso estômago e persistência para, como melómanos treinados para esperar letras com a dose habitual de cinismo, rendermo-nos aos encantos de "Album". O segredo está na combinação, naquilo que os críticos literários chamam "suspension of disbelief". Christopher Owens faz-nos realmente crer que não quer mais que uma namorada, uma pizza e uma garrafa de vinho. Ou que apenas quer dançar com alguém antes de morrer. E a pop lo-fi que compõe a boa parte do disco adequa-se na perfeição ao que desejamos dadas tais circunstâncias. Comparações? A mais rápida seria uns Yo La Tengo com o botão das jams sónicas desligado. Mas por estranho que pareça, este disco acaba por ser tão simples e encantador que cria um mundo próprio para os Girls. Beber de uma só golada.

Para ver - "Hellhole Ratrace"

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Música nova - Ellie Goulding

Não devia, até porque isto é claramente pop. Mas a voz aguda, a melodia em ascensão, e o impacto da bateria fazem-me pensar na irmã de Bat For Lashes que pinta o cabelo e vai às discotecas de vestido de lantejoulas. O resultado é bastante bom!

Para ver - "Under The Sheets"

Samuel Úria "Nem Lhe Tocava"


Pode haver muitas razões para que a malta da Flor Caveira cause urticária aos actuais e potenciais ouvintes. E o facto é que, pelo menos até agora, pouco havia em termos musiciais que justificasse o desbocanço. "Nem Lhe Tocava" tem o mérito de ser o passo em frente que Samuel Úria precisava para se destacar como songwriter de pleno direito, e não um simples centrocampista de uma equipa que luta pela manutenção. "Nem Lhe Tocava" faz da expressividade, versatilidade, e, sim, do swing as suas principais armas. Úria joga de forma hábil com a voz por entre bocados de roots-rock, folk, country, blues, gospel, valsa, fado, orgãos, acordeões e mais, sabendo igualmente como dar o toque de memorabilidade às suas melodias. Podíamos reconhecer muita gente lá pelo meio, felizmente Úria tem o carisma para o ultrapassar. Enfim, use-se o cliché, e dizer que estamos entre Tondela e Memphis.

Para ver - "Não Arrastes O Meu Caixão" (versão só voz e guitarra)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Música nova - Dinowalrus



No seu MySpace dizem-se influenciados por...Giorgio Morotorhead. O vídeo descoberto encontra-os a cantar em agudos no-wavescos sobre loops de teclados e baixos enfurecidos. Com um clarinete furioso mais lá para o fim. A palavra aqui é a clichezada Adrenalina!

Para ver - "Bead"

domingo, 13 de dezembro de 2009

The Legendary Tiger Man "Femina"



Habitualmente, é Paulo "Tigerman" Furtado quem assume o papel de sedutor de (imaginamos) mulheres com aspiração a fatais. Em "Femina", porém, partilha, porque nunca cede completamente, essa tarefa com uma leque luxuoso de convidadas, entre as quais Lisa "Bellrays" Kekaula, Phoebe Kildeer, Asia Argento, Becky Lee, Claudia Efe, Rita Redshoes e Maria de Medeiros. Furtado deixa a sua guitarra insinuar-se junto das vozes sempre sexy das suas convidadas, como um dançarino com todos os movimentos certos no meio da pista de dança rock and roll. E é claramente de rock de sussurros e impulsos libidinosos que falamos. Resultado: Já são 4 discos muito bons de Legendary Tigerman com que podemos contar, numa carreira rock fora do mainstream como há muito não víamos nascer por cá, e que parece estar finalmente a alcançar notoriedade mainstream.

Para ver - "Life Ain't Enough For You"

Música nova - Bullion



Para alguns este DJ e produtor inglês não será novidade. Aliás, eu próprio já tinha ouvido o nome, embora não a música. E esta ocupa de forma magnífica o terreno de um RJD2 do primeiro disco, ou mesmo de Mestre Shadow. Magníficos arranjos de beats, instrumentação e vozes, complexos sem perder o norte, em interacção de alta qualidade. A não perder os próximos lançamentos.

MySpace aqui

Música nova - A Silver Mt Zion


Um bom regresso do colectivo canadiano. Não há grandes novidades no som. As habituais guitarras e secção de cordas estridentes, em formato vai acima e fica lá em cima, sem nunca chegar realmente a explodir. Óptimas notícias, portanto.

Para ouvir - "Bury 3 Dinamos"

Música nova - Fujako


Mais uma descoberta que devo a um comparsa do Bodyspace, neste caso o Miguel Arsénio. Hip-hop luso-belga com MCs americanos, arraçado de illbient, com produção cavernosa de HHY e Ripit e rimas de Sensational, Native e outros, que ocupam o espaço com parcimónia, exponenciando o carácter de violência em câmara lenta da música.

MySpace aqui

Terror Danjah "Gremlinz (Instrumentals 2003-2009)"


No booklet de Gremlinz, Simon Reynolds descreve o trabalho de Terror Danjah como “artcore”. Ou seja, a combinação entre a dureza da música que pretende representar o ambiente das ruas, e altos níveis de inteligência e subtileza na construção das texturas e batidas. Deixando a concordância ou não para todos os que ouvirem este disco, saliente-se que Gremlinz é um disco que fornece adrenalina e excitação como poucos outros que tenham aparecido em 2009. Danjah viaja entre os modernos géneros urbanos ingleses (garage, 2-step, drum n’bass, grime, IDM), e outros como o techno ou o hiphop, tirando a respiração a cada passo, graças a uma série de beats refractários, expansivos e fragmentados, que nunca se tornam previsíveis.

Continua aqui.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Música nova - Salem


E se Bilinda Butcher (My Bloody Valentine) ou Karin Dreijer Anderssen (The Knife, Fever Ray) casassem musicalmente com um bacano fã de dubstep e hiphop? A ideia parece boa, não parece? Ouça-se "Water" ou "Frost" para confirmar.

MySpace aqui.

Música nova - Lupe Fiasco




Quem diria que o educado discípulo dos A Tribe Called Quest iria andar metido no rap/rock? É pena que o refrão estrague um bocado as coisas. É que ele até está bastante bem no flow e nas rimas.

Para ver - "Solar Midnite"

Prazer, UK Funky

Agradeço ao meu colega de Bodyspace Bruno Silva ter-me mostrado isto. Por limitações de tempo e hardware não tenho conhecido o UK Funky. Aqui estão dois óptimos exemplos, das mãos de Princess Nyah. Eis uma nova e contagiante maneira de juntar o Reino Unido e as Caraíbas.



O que é que te deu, Alicia?

Fizeste dois discos tão bons de soul à Stevie Wonder transportada para os "noughties". Agora andas a fazer baladas à Mariah Carey circa-1994? Por favor acorda, rapariga. Pega no piano e toca a compôr coisas como deve ser.

Música nova - Pseudónimo




Ricardo Mestre é o nome por detrás deste interessante projecto, podendo inscrever-se em algo que chamaria twee-techno. Faixas longas, de bonitas progressões melódicas a lembrar os Plaid e os Múm, intimistas e delicadas.

MySpace aqui

Música nova - Portishead




Até parece mentira, mas eles fizeram uma música nova. Foi a pedido da Amnistia Internacional, e tem um som muito krautrock/motorika, sem descurar a voz da Deusa Beth.

Podem ver o vídeo de "Chase A Tear" aqui.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Música nova - Nice Nice


Novo duo da Warp. O seu MySpace apresenta considerável variedade de propostas. A minha escolha vai para o próximo single, o rock alternativamente musculado e freakalhado de "One Hit"

Música nova - We Are The World

Techno-disco-pop tribal/satânica? Hercules & Love Affair versão Wicker Man? Seja o que for, é contagiante:

Para ver - "Clay Stones"

Música nova - Pac Div

Hip-hop de produção e vozes bastante "noir". Tem algo da melancolia gangsta de um Scarface. O disco sai em 2010.

Para ver - "Whiplash"/"Young Black Male"

Música nova - Class Actress



Synth-pop com algo da disco de Annie na voz de Elizabeth Harper, mas talvez menos exuberante, embora com sentido pop em alta rotação. Ouvir aqui, onde também a comparam ao eixo Glass Candy/Chromatics.

Música nova - Banjo Or Freakout (2)

Já tinha aqui posto "Upside Down", agora "Left It Alone" mantém o bom esquema dream-pop-shoegaze. Parece que temos promessa nesta área.

Para ver - "Left It Alone"

Batida "Dance Mwangolé"


A recente morte de João Aguardela serviu como pretexto para os seus admiradores chamarem a atenção da comunidade melómana para o seu trabalho como Megafone. Nele, Aguardela revisitiva o cancioneiro tradicional português à luz da electrónica e dos samples. Se menciono isto no início de uma crítica sobre Dance Mwangolé, disco de estreia do projecto Batida, não é pela morte – felizmente – de ninguém. É porque se podem estabelecer paralelos entre os dois. Afinal, o que o conjunto de DJ Mpula, DJ Beat Laden (Rádio Fazuma), Ikonoklasta (Conjunto Ngonguenha), Sacerdote e outros fazem não está muito distante. Aproveitar os ritmos e melodias da música angolana, e enxertar-lhes o ADN de géneros como o kuduro, na procura da vivisecção perfeita. E, se Dance Mwangolé não atinge o nível do fabuloso Black Diamond dos Buraka Som Sistema, com quem é impossível não os comparar, não têm qualquer razão para se envergonhar do trabalho conseguido com este seu primeiro disco.

Continua aqui.

Bodyspace - Os melhores de 2009




Resultados oficiais do site no qual tenho a honra de fazer parte da Equipa:

Clickar aqui.

Música nova - Sleigh Bells

(textos mais pequeninos a partir de agora para ter tempo de escrever)

Duo homem-mulher. Ele com guitarra noisy-garage-angular, ela com voz à Blonde Redhead/Dirty Projectors. Claro que pensamos nos Kills também. Esta é a melhor música de uma banda ainda sem disco que saiu em 2009. Espero coisas muito boas para 2010.

MySpace aqui.

Para ver - "Crown On The Ground"

Sleigh Bells "Crown on the Ground" LIVE at Le Poisson Rouge NYC from AbzPunkPhoto on Vimeo.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Música nova - Samuel & The Dragon



Duo de voz e electrónicas formado por Samuel Chase e James Cameron, a sua pop combina uma voz com o toque emocional das melhores músicas lentas dos Coldplay. Mas o acompanhamento está longe de ser rock de estádio. Antes, temos sons que existirão num universo em que "Blue Lines" existe numa única fita deteriorada, e onde alguém já pôs alguns graves e síncopes rítmicas por cima. Ou talvez onde o primeiro disco de Nicolette já foi feito na era em que o dubstep e o grime assumiram as rédeas da descendência do drum n' bass. Seja como fôr, tudo se resume a mais um belo caso de desolação pop electrónica.

A ouvir - MySpace da banda

Músicas incompreendidas - 7

Pink Floyd "Another Brick In The Wall Part 2"

Nem preciso de falar muito. Toda a gente saberá como as crianças e adolescentes do seu tempo adoravam cantar "HEY! TEACHER! LEAVE THE KIDS ALONE!" (por acaso é "Leave THEM kids alone", mas isso pouco interessa). Ora, o que isolado pode parecer um simples slogan panfletário para cantar com amigos, no disco é apenas outra das razões porque a personagem Pink constrói a "Wall" à sua volta. Não é simples rebelião adolescente, é um de muitos traumas. Mas ficará por muito tempo como Aquela dos Pink Floyd.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Música nova - Kelis

É difícil acreditar que "Acapella" possa ter sido produzida pelo mesmo tipo que fez os detestáveis "When Love Takes Over" e "Sexy Chick". Mas aqui, David Guetta esquece-se apenas o suficiente do eurodance mais rasteiro (a propósito, este é o género que NUNCA deverá ter um revival ou uma reavaliação! É mau! Foi muito mau! Ponto final!), oferecendo à voz de Kelis um extracto de disco-house-trance-techno (sim, pode ser tudo) cosmificado, e, como bem indica o Popjustice, herdeiro das experiências de Giorgio Moroder com Donna Summer nos finais dos 70s. Kelis volta a mostrar que é das divas r&b mais inovadoras, adicionando o sufixo "espacial" à sua voz e melodias. Depois de muitas baladas inúteis de Beyonce e do chover no molhado do novo single de Alicia Keys, temos aqui um grande single pop, para lançar satélites até Neptuno!

Para ouvir - "Acapella"

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Discos da minha vida - Geoff "Portishead" Barrow

O primeiro disco que me lembro de ouvir: Charles Penrose "The Laughing Policeman"

A música que me fez querer fazer música: Public Enemy "Rebel Without A Pause"

O disco que foi o meu momento-iluminação: Can "Ege Bamyasi"

A canção que nunca perde força: Afrika Bambaataa & The Soulsonic Force "Planet Rock"

A canção que me mostrou como fazer experiências: The Honeycombs "Have I The Right?"

O álbum que o Nigel Godrich me deu num hotel: Radiohead "OK Computer"

A canção que me reduz a lágrimas: Johnny Cash "Hurt"

O disco que foi uma alternativa ao hiphop: Nirvana "Nevermind"

O disco que diz Perfeição Rock: Jimi Hendrix "Experience Hendrix: The Best Of Jimi Hendrix"

O disco que me influenciou mais recentemente: Silver Apples "Silver Apples"

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Kings Of Convenience "Declaration Of Dependence"



Uma banda com o som dos Kings Of Convenience só tem dois caminhos possíveis, e a verdade é que Eirik e Erlend escolheram o mais extremo. Basicamente, estão ainda mais depurados e minimalistas, ao nível de um João Gilberto, como os singles iniciais de “Declaration Of Dependence” já faziam adivinhar. As linhas vocais, sempre de um melodismo irrepreensível, não levantam ondas, induzindo antes um torpor de cadeira vibratória. As guitarras exibem a parcimónia própria da bossa-nova, tão especialistas na criação de belas melodias como as vozes. Este é o forte dos KOC, e não tem mesmo nada que saber. São simplesmente brilhantes artesãos da melodia e da delicadeza. Se “Declaration Of Dependence” adianta alguma coisa em relação ao resto da sua obra, é basicamente o de sabermos que ainda muito é possível fazer com o “template” que lhes deu fama.

Para ver - "Boat Behind"

Música nova - Yeasayer

Enquanto alguns fazem música no lowest dos fis, com sintetizadores de meia-tigela e vozes de muito-pouco-tigela, e dizem que estão a recuperar “memórias mal alinhavadas dos anos 80” (a tal da hypnagogic pop), os Yeasayer não deixaram a coisa por menos. Resolveram soar exactamente como essa tal pop plástica dos anos 80, inclusivé com pózinhos de reggae-ligeirinho. Em suma, os Yeasayer saíram das transviadices de Brooklyn e entraram no mesmo “wine bar” onde ainda tocam os êxitos dos Culture Club. Veja-se, nesse sentido, o timbre sofrido Boy George-ano da voz de (....). Aguentar um álbum inteiro assim seria dose. Para já, é esperar para ver se ficamos com um daqueles “êxitos” para apreciar com aquele piscar de olho que se faz quando se sabe que foi um dos nossos que o fez.

Para ouvir – “Ambling Alp”

St. Vincent "Actor"


"Actor" não é um disco onde se possa facilmente jogar o jogo do "Olhó que cada instrumento está a fazer". O trabalho de Anne Clark parece ter consistido em esbater a nitidez até níveis fortemente impressionistas, e assim criar aquela avant-pop excêntrica, que se torna mais aconchegante que inóspita. O segundo álbum de Clark como St. Vincent (nunca ouvi o primeiro) pode ser visto sob diversos prismas. Ora existem lullabyes de imagens distorcidas, ora recuperações da música de vaudeville/desenhos animados em contexto verso-refrão-verso-e-poeira, ora guitarras e diversa instrumentação invulgar que se consomem umas às outras sem afectar a sensualidade da voz de Clark. Há também algo de profundamente novaiorquino na criatividade desta música, embora uma Manhattan tão surrada e auto-consciente como a dos filmes de um certo meia-leca de óculos de massa. "Actor" dá-nos a escolha de viver um papel de final incerto, mas cheio de cenas cativantes até lá chegarmos.

Para ouvir - "Black Rainbow"

sábado, 24 de outubro de 2009

Dizzee Rascal "Tongue N' Cheek"



Como pode um artista partir-nos o coração, e ainda assim deixar-nos com um sorriso? Os dois primeiros discos de Dizzee Rascal são obras de génio, pontos em que o grime demonstrou quão excitante e revolucionário pode ser. Entretanto, Dizzee fez um terceiro disco, "Maths And English" que era uma versão um pouco mais amansada dos dois primeiros, e a seguir chamou Calvin "Teclados Eurodance" Harris para fazer "Dance Wiv Me", óptima canção electro-pop-hiphop. Por onde seguir para "Tongue N'Cheek"? Sobretudo pelo lado pop. Hiphop vestido de pop vestida de house, trance, electro, techno, funk, e claro, grime. Salva-se? Aqui está a razão do sorriso. Dizzee é um rapper com flow extraordinário, faça aquilo que fizer, dando à sua pop um groove irresistível. Desta vez quis pôr as pessoas a dançar, e sabe fazê-lo quase tão bem como quando era o "Boy In Da Corner" a soltar os seus demónios.

Para ver - "Dirtee Cash"

terça-feira, 20 de outubro de 2009

The Flaming Lips "Embryonic"



A capa é talvez a melhor do ano. E longe de mim queixar-me de uma mudança de som que torne uma banda mais "esquisita". Tudo estava no lugar para que "Embryonic" trouxesse os Flaming Lips de novo para as bocas do mundo no fim dos 00s. Conseguem-no? Tentam, pelo menos. A psych-pop sinfónica de "The Soft Bulletin" está morta e enterrada. "Embryonic" faz regressar as trips perigosas dos velhos Lips, removendo o tom brincalhão da voz de Wayne Coyne, e substituindo-o por cânticos vindos do tal "outro lado", um lado onde o krautrock e o acid-rock estão vivos e em actividade sísmica. O que faltou foi trazer de lá mais sons. "Embryonic" é demasiado esquelético por vezes. Fica-se a desejar um qualquer tornado de distorção, algo que nos leve também para onde Coyne parece ter tirado inspiração para as letras. Talvez o disco mais frustrante deste ano, será melhor dizer.

Para ouvir - "Watching The Planets"

Yo La Tengo "Popular Songs"



Na fase em que os Yo La Tengo já só deveriam ser os Yo La Tengo, "Popular Songs" mostra-os a tentar ser algo mais para além disso, com sucesso, e a ser exactamente isso, com sucesso moderado. Explique-se. As influências da soul de nomes como Curtis Mayfield é um prazer para os ouvidos, com a voz de Ira Kaplan a soar deliciosamente doce e melosa no meio dos ritmos e cordas, enquadrando tais gloriosas influências sem mácula na música dos Yo La Tengo. Já no que se trata dos YLT mais reconhecíveis, as coisas dividem-se. Se temos músicas feitas de afagantes sussurros de voz e guitarra que estão ao melhor nível da história da banda, por outro os temas mais longos, sobretudo o último, não acrescentam nada e soam supérfluos, quase uma obrigação contratual. E visto que temos 3 músicas nos últimos 35 minutos, as coisas complicam-se. Talvez uma melhor distribuição ajudasse.

Para ouvir - "I'm On My Way"

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Califone "All My Friends Are Funeral Singers"



Se Tom Waits abdicasse da sua voz rouca, pegasse numa guitarra e tivesse um caso incestuoso com a americana em geral, poderia soar exactamente como a banda de Tim Rutilli. Não seria o génio que é, mas os Califone conseguem ao menos manter o ambiente de ferro-velho através de uma série de arranjos que incluem marimbas, violinos, acordeões, e percussões sortidas. Como nos discos anteriores, a dicotomia da voz com os arranjos resulta numa música sussurrante, numa folk que parece querer desfalecer, mas nunca perde o sentido da melodia. Neste disco, os Califone arriscam uma maior convencionalidade, mantendo o equilíbrio com o experimentalismo, e a verdade é que o conseguem lindamente. Um digno sucessor de "Roots & Crowns" feito por uma banda simplesmente diferente.

Para ver - "Funeral Singers"

Música nova - Big Boi



Sob o pseudónimo de Sir Luscious Leftfoot, a metade mais ortodoxa dos enormes Outkast tem álbum a solo na calha, curiosamente antes de Andre 3000 sequer ter um disco planeado, e até agora os sinais são positivos. "Shine Blockas" conta com a colaboração de Gucci Mane, e é, como o nome indicará a todos quanto conhecem este calão, dedicado áqueles que querem impedir as estrelas de exibirem o seu brilho/riqueza. Mas isto pouca importância teria, não fosse o estilo provocador de tonturas do flow de Big Boi, auxiliado por soul, efeitos que remetem para bandas-sonoras vintage, os tic-tic sintéticos do hiphop sulista, tremores que causam relaxamento, e o precioso auxílio de outro rapper, Gucci Mane. O futuro dos Outkast parece em boas mãos. Abram a capota, ou ponham a cabeça fora do vidro, e repitam o refrão.

Para ouvir - "Shine Blockas"

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Alice In Chains - "Black Gives Way To Blue"



E pronto, eles voltaram. Eles perderam um vocalista carismático com uma voz do caraças, e atreveram-se a esperar 14 anos e alguns concertos depois antes de gravarem um disco com William DuVall na voz. Como soa DuVall? Soa igualzinho a Layne Staley, ponto final. Estes são os Alice In Chains da voz que parece liquefazer-se no meio dos excelentes riffs metaleiros e arrastados de Jerry Cantrell, e da secção rítmica inquieta de Sean Kinney e Mike Inez. Boa parte de "Black Gives Way To Blue" não desmerece em nada a ascendência de grandes discos como "Dirt" ou "Jar Of Flies", revelando uma confiança e destreza assinaláveis na criação de óptimas canções. Talvez alguns momentos mais acústicos, de homenagem a Staley, pudessem ser alterados. Mas perdoemos-lhes, já que a homenagem é merecida. Apesar do gajo ter fodido a vida a sério.

Para ouvir - "Acid Bubble":

Música nova - Miami Horror

Com um nome como este, claro que não podiam ser americanos. São australianos, e soam a bandas inglesas (New), daquelas cujo nome (Order) não (New) nos escapa (Order). Temos aqui um bonito exemplo de elegantíssimo revivalismo, dance-pop melancólica dos 80s com voz cheia de "longing" (se nós temos saudade, os anglo-saxónicos têm isto). Talvez faça igualmente lembrar outras coisas mais americanas, ou até mesmo os WhoMadeWho do primeiro disco. O que realmente importa é o grau elevado de contágio da melodia e do refrão, que deixa antever coisas boas para este grupo de 4 elementos. Um obrigado ao Hugo Moutinho por me ter apresentado os Miami Horror.

Para ver - "Sometimes":

Sometimes from Miami Horror on Vimeo.

domingo, 11 de outubro de 2009

Jay-Z "The Blueprint 3"



Dependendo da inclinação e desejos de cada um, será possível encontrar mais ou menos falhas nesta segunda sequela do mais histórico dos discos de Jay-Z. Mas a principal será sempre o "contentamento" exibido por Hov. Quase a chegar aos 40 anos, Jay já não sente qualquer necessidade de omitir o facto de gostar da vida de luxo que leva, e de ter um nível de conforto que lhe permite encarar o trabalho e a vida anterior nas ruas de outra forma. É preciso decidir, e eu decidi estar do lado de "The Blueprint 3". Passo a explicar, sendo este um disco de hiphop, preste-se atenção ao MCing. E a verdade é que ninguém sabe mandar o mundo todo dar uma volta caso não fiquem contentes com o que vêm como Jay-Z. Por mais relaxado que soe, nunca deixa de captar a atenção com a sua fluidez. "The Blueprint 3" é pop descontraída, ajudada por uma produção sintética a condizer, que leva Hova feliz para longe de crises de meia-idade. E em "Empire State Of Mind" temos já uma das melhores músicas novaiorquinas que existe.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Por outras paragens

Por convite dos incansáveis André e Crestfall, tenho andado por aqui. Também por cá as audições têm sido, principalmente, de coisas de que já falei pelo blog. Espero recomeçar em breve nas apreciações à música nova que faz falta como plaquetas no sangue.

Sugestões são sempre bem-vindas, claro.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Mos Def "The Ecstatic"



Já que foi preciso esperar 10 anos até que Mos Def se dedicasse a fazer um disco de MCing, ao menos que não perdesse o jeito que fez de "Black Star" (com Talib Kweli) e "Black On Both Sides" clássicos indiscutíveis. Se é verdade que, por muito boa vontade que se tenha, "The Ecstatic" não alcança o génio desses dois discos, também não deixa de ser um belíssimo álbum, concentrado de boas rimas e flow, e batidas que percorrem anos de música que contém groove, bravado e vitalidade. Mos permanece mordaz, quer a descrever situações na primeira pessoa, quer a falar nas questões sociopolíticas que lhe parecem mais prementes nos dias que correm. "The Ecstatic" é curto e despachado, 16 faixas em 45 minutos, sem com isso parecer ter sido feito ou acabado à pressa. Hiphop que não sai da linha, porque criou ele próprio a sua privada.

Para ouvir - "Life In Marvelous Times"

Música nova - Burial

Não foi fácil descobrir este vídeo, e é provável que seja retirado dentro de pouco tempo. Fui à procura de um streaming para linkar para aqui, mas não encontrei nenhum. Alguém sabe explicar porque é que a editora pede para tirar o vídeo, por causa de direitos de autor, mas não coloca a música para se ouvir - e conhecer - em nenhum sítio? Depois queixem-se!

Ressequido, praticamente sem forças, é como William "Burial" Bevan parece existir dentro de "Fostercare". A percussão ultra-minimalista, o ranger dos sub-graves, a voz new age/soul transplantada para terra queimada, reminiscente das que povoavam "Untrue", o seu segundo disco, encurtaram de tal forma as distâncias que soam como se estivessem no quarto connosco. Isto já não é nenhuma simples descrição de solidão urbana, como se gosta de atribuir ao dubstep. Isto já se tornou algo muito mais pessoal e transmissível. A personagem já nem para a rua se atreve a olhar. A luz tremelica, e ficamos sem saber se se conseguirá acender ou não.

Para ver - "Fostercare"

domingo, 27 de setembro de 2009

Raekwon "Only Built For Cuban Linx 2"



O PS ganhou, e enquanto começam os discursos, aproveito para elogiar um dos discos do ano. Raekwon The Chef é, depois deste disco, um de muito poucos artistas a dizer que vai fazer uma sequela de um álbum clássico, e a não desonrar a linhagem do mesmo. "Only Built For Cuban Linx 2" é o filme de blaxploitation candidato ao Óscar, de uma nitidez e complexidade de imagem estonteantes. Raekwon, ajudado por muitos Wu-Tang, dos quais se destaca Ghostface Killah, é um tremendo virtuoso das rimas, capaz de descrição de personagens, objectos e situações que obrigam a atenção constante, e recompensadora, por parte dos ouvintes. A blaxploitation, essa, vê-se igualmente na fantástica produção, que consegue recriar o calor de uma BSO clássica e a brisa gelada dos melhores momentos Wu-Tang. Em suma, temos aqui candidato a disco do ano. É bom ter-te de volta, Chef!

Para ouvir - "10 Bricks"

STOKE 0 MANCHESTER UNITED 2

0-1 Berbatov 61'



0-2 O'Shea 76'



Giggs salta do banco para fazer duas assistências, e empurrar o United até ao primeiro lugar pela primeira vez esta época.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Om "God Is Good"



Com Chris Hakius ausente da bateria, Al Cisneros (voz e baixo) virou-se para Emil Amos dos Grails para o ajudar a fazer o novo álbum dos Om. E que o som indica claramente tratar-se de um disco dos Om não há qualquer dúvida. Tanto o baixo com barriga de perú de Natal, músculo de touro premiado e passo de boi almiscarado sem pressas, como a bateria que preenche todos os espacinhos estão lá, com a voz de Cisneros a compor o tom ritualista que se exige numa banda que nasceu, originalmente, dos lendários Sleep de "Dopesmoker" (se o nome não diz tudo...). Enfim, por aqui resiste-se a qualquer tentação para acelerar o passo, ou despachar um riff ou batida que seja. A gasolina está formatada (no dia em que isso for possível) para aquela velocidade e assim será. É preciso cuidado perante o perigo de implosões, mas compensa.

Para ouvir - MySpace da banda

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Black Heart Procession "Six"



"Six" é um álbum de Black Heart Procession Extra-Concentrado. O que significa, claro, que só pode ser excelente. Quem ouve a banda desde o começo (eu foi com "Two") não ficará desiludido, e quem entrar aqui terá a essência do seu som perfeitamente destilada para fruição. Falemos então do som dos Black Heart Procession. As vozes de Pall Jenkins e Tobias Nathaniel são simultaneamente viscerais e límpidas, parecendo ocupar todo o espaço desde o horizonte até junto do nosso ouvido. O acompanhamento, dominado por pianos, orgãos, e secção rítmica, remete para uns Bad Seeds de "Let Love In" sob o efeito de calmantes, mas que não esqueceram que estão ali para exorcizar demónios. Céu e inferno, vida e morte, são presença assídua nestas canções belas de tão perturbadoras. Mais um álbum excelente para a carreira de um dos segredos mais mal guardados da música americana.

Para ver - "Witching Stone"

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

MANCHESTER UNITED 4 MANCHESTER CITY 3

1-0 Rooney 1'



1-1 Barry 15'



2-1 Fletcher 48'



2-2 Bellamy 51'



3-2 Fletcher 80'



3-3 Bellamy 90'



4-3 Owen 95'



Derby de loucos resolvido em cima da hora por um United com estrelinha de campeão.

Polvo "In Prism"



Se é verdade que poucas bandas que tenham marcado o rock americano de origens menos mainstream nos anos 80/90 voltaram a criar música (por enquanto, os Pixies e os Jesus Lizard apenas fazem tournés), não é menos verdade que a qualidade que tem saído dos discos dos reformados Dinosaur Jr é superior ao que toda a gente esperaria.

Continua aqui.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Master Musicians Of Bukkake "Totem One"



Há duas formas alternativas de encarar a música feita por este colectivo de nome pornográfico (não, não vou dizer). Ou se pensa neles como uma banda que tem pouco a fingir que tem muito a fingir que faz pouco, ou como uma banda que tem muito a fingir que tem pouco a fingir que faz muito. Qualquer que seja a opção escolhida, ao menos não ficam dúvidas, no final da audição, que este grupo de músicos ligados aos Secret Chiefs 3, Sun City Girls, etc, é capaz de impôr ao ouvinte um ambiente inescapável de cerimónia pagã, e tudo isso no bom sentido.

Continua aqui.

Música nova - Rain Machine (2)



Kyp Malone nunca terá sido tão explicitamente sociopolítico como nesta música. Discos como "Return To Cookie Mountain" e "Dear Science", com os seus TV On The Radio, embrulhavam as suas mensagens em letras mais encriptadas, embora não perdessem impacto com tal método. "Smiling Black Faces" é que, com as referências à vítima de incúria policial Sean Bell, prefere a mensagem directa para atingir os seus objectivos, e não se coíbe de ir buscar inspiração à soul e ao gospel que também fazem parte do repertório dos TVOTR. Kyp exibe uma voz magnífica, como é costume, que aqui vem acompanhada de uma guitarra em constante dedilhar, a qual compõe uma textura de intermediação entre a contenção e a explosão. Um sábio caminhar na corda bamba, que permite o focar da emoção na voz. E Malone é muito bom nessas coisas de emoções.

Para ouvir - "Smiling Black Faces"

BESIKTAS 0 MANCHESTER UNITED 1

0-1 Scholes 76'



Um United lutador e persistente continua na senda das vitórias, começando bem a Champions 2009/2010.

Frases - Ian Cohen

Crítica a disco de Tanya Morgan:

"This indie hip-hop group has been lauded as a flamekeeper for a certain time in the early 1990s when the Native Tongues held down New York with a sound that was less overtly Afrocentric but more commercially successful. But didn't Q-Tip appear on a Mobb Deep track? Didn't Phife Dawg threaten to ejaculate on someone in at least two of Tribe's most beloved singles? Wasn't De La Soul Is Dead a pitch-black rejection of the hip-hop hippie aesthetic foisted upon them by rock fans and critics? Couldn't Busta Rhymes and Redman, even at their most rah-rah, come and go as they please? Well, you all know that's true, but Brooklynati instead coasts by on a revisionist historical perspective where Tribe, De La et. al were at the forefront fighting gangsta rap not with innovation or originality, but with common decency."

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Oneida "Rated O"



Ambição desmedida, sim. Sem qualquer dúvida. Quem é que lança álbuns triplos em 2009? São cerca de 120 minutos de música que os Oneida oferecem ao público do fim dos 00s, e dentro dela têm muito rock (inclusivé com o prefixo pós), psicadelismo, acidez, crescendos, descendos, e até dub e electrónica distorcida. Com músicas que vão dos 2.5 minutos aos 20, tudo aqui conquista a atenção do ouvinte através de riffs, ruídos e ritmos (RRR) que furam ossos e põem-nos às voltas numa picadora. O tempo aqui passa num instante, enquanto cavalgamos com os Oneida, e não queremos largar até que nos mostrem o destino, ou de preferência as paisagens que percorrem até lá chegar. Isto é rock que não tem medo de olhar para cima, para baixo, para os lados e, mais importante que tudo, em frente.

Para ouvir - "Ghost In The Room"

TOTTENHAM 1 MANCHESTER UNITED 3

1-0 Defoe 50"



1-1 Giggs 24'



1-2 Anderson 40'



1-3 Rooney 77'



Mesmo reduzido a dez, o United fez uma exibição fantástica, vencendo um adversário que até agora só tinha ganho.

Primer da Wire - Kosmische Music

- Technical Space Composer's Crew "Canaxis 5"

- Limbus 3 "New Atlantis: Cosmic Music Experience"

- Witthauser & Westrup "Trips & Traume"

- Zweistein "Trip - Flip Out - Meditation"

- Ash Ra Tempel "Ash Ra Tempel" / "Schwingungen" / "Join Inn"

- Popol Vuh "In Der Garten Pharaohs" / "Hosianna Mantra" / "Nicht Hoch Im Himmel"

- Gila "Bury My Heart At Wounded Knee"

- AR & Machine "Echo"

- Tangerine Dream "Zeit" / "Atem"

- Emtidi "Saat"

- Klaus Schulze "Cyborg" / "Breakdance"

- Timothy Leary & Ash Ra Tempel "Seven Up"

- Walter Wegmuller "Tarot"

- Sergius Golowin "Lord Krishna Von Goloka"

- The Cosmic Jokers "The Cosmic Jokers"

- Siloah "Siloah"

- Dom "Edge Of Time"

- Yatha Sidra "A Meditation Mass"

- Kalacakra "Crawling To Lhasa"

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Nate Young "Regression"



Mesmo sendo este o primeiro disco a solo dele que ouço, não seria expectável que Nate Young criasse um tipo de som que se viesse a afastar consideravelmente daquele criado pelo seu grupo a full-time, os Wolf Eyes. O grupo de Ann Arbor, Michigan tem uma marca autoral demasiado vincada para que se consiga imaginar discos new age saídos dos dedos dos seus membros(...)

Mais aqui.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Discos da minha vida - Michael "Neu/Harmonia" Rother

O primeiro disco que comprei - The Pretty Things "Get The Picture?"

O disco que nunca falha em excitar-me - Little Richard "Good Golly Miss Molly"

O disco que me fez gostar de guitarras - Jorgen Ingmann "Apache"

O disco que me leva atrás no tempo - Cluster "Cluster II"

O disco que me acalma os nervos - Salamat & Nazakat Ali "Salamat & Nazakat Ali"

O disco que fundiu as minhas ligações musicais - Frederic Chopin "Etude In E Major: Op.10 No.3 'Tristesse'"

O disco que me recorda o que abandonei - Cream "I Feel Free"

O disco cuja produção admiro - The Beatles "White Album"

O disco que me convenceu a ser eu próprio - Jimi Hendrix "Are You Experienced?"

O disco que prova que os alemães têm ritmo - Can "Monster Movie"

Tyondai Braxton "Central Markets"



A primeira música que descobri deste "Central Markets" tinha sido muito do meu agrado. Infelizmente, em 5 outras, só uma a consegue suplantar, e chegar ao patamar de muito boa. O disco a solo do líder dos Battles, por mais interessante que seja a sua mistura das guitarras agudas e pouco ortodoxas, com sons de diversas proveniências (clarinetes, kazoos, etc), e influências de easy-listening, música de desenhos animados, filmes de aventura, etc, é-o mais na teoria do que na prática. Na maioria dos casos falta claramente dinâmica, progressões e voltas que prendam a atenção ao nível da excitação energética causada pela música dos Battles. Recomenda-se a Braxton que esqueça por momentos as paisagens, e imagine-se permanentemente num Indiana Jones alternativo.

Para ouvir - "Platinum Rows"

Lightning Bolt "Earth Delights"



Quando se fala dos Lightning Bolt, tem que se assumir que o som não sairá muito do esperado. Ou seja, o baixo vai soar como uma guitarra furiosa e distorcida, e a bateria será tão violenta como uma agulha que entra e sai constantemente do olho de uma pessoa. A questão seria se "Earth Delights" iria desiludir, e posso dizer que não o faz. Nesta fase do campeonato, nota-se um ritmo mais de pistão na música dos Brians Chase e Chippendale. O stoner-rock e o krautrock parecem ter sido influências na altura de criar este disco, com as músicas a possuirem grandes possibilidades de causarem desvios na coluna, tal é a energia cinética que impõem em quem as ouve. É caso para dizer que, se os Lightning Bolt já eram uma locomotiva, agora nem precisam de túnel para atravessar montanhas.

Para ver - "Colossus"

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Música nova - Califone



Nem só de instrumentação escanifobética vive o homem, neste caso Tim Rutilli. 3 anos após o excelente "Roots And Crowns", os seus Califone preparam-se para editar (...), lançando esta "Funeral Singers" como aperitivo. Uma amiga diz-me que a voz dele faz lembrar o Kurt Cobain. Se lhe juntassem um toque mais country, até concordaria. Os arranjos, esses, são bastante simples, com a acústica a marcar o ritmo, uma bela melodia vocal de folk suja, ao bom estilo da banda, e uma guitarra eléctrica que se coloca a jeito para aplicar alguma tensão na música. Deliciosamente arcaica, como é costume na banda, demonstra que existem canções na cabeça dos seus músicos.

Para ouvir - "Funeral Singers"

Músicas incompreendidas - 6

Chumbawumba "Tupthumping"

E eis que de repente eles tiveram um êxito. E ainda hoje lhes deve fazer dinheiro, ao ser tocado nos pavilhões desportivos americanos. Como diz "I get knocked down / But I get up again / You're never gonna keep me down", e fala em "He takes a whisky drink / He takes a vodka drink", é muito boa para a paródia. Mesmo que seja de gente bem na vida, que só quer emborcar uns copos e engatar umas miúdas. Quem eram estes tipos? São uns radicais de esquerda que já lançaram um disco chamado "Pictures Of Starving Children Sell Records", e que fizeram uma música sobre a resiliência da classe trabalhadora, ora essa. E que desde terem conseguido "infiltrar" o mainstream com esta música, e de despejarem um balde de água sobre um ministro, conseguiram...bem...

Primers da Wire compilados em livro


Para os que não sabem, os primers consistem na enumeração de uma série de discos considerados "essenciais" para quem se pretenda iniciar num determinado género. No entanto, os textos, sempre excelentes, publicados na revista, nunca se ficam pelo óbvio, procurando sempre compilações, singles, raridades, colaborações, antepassados, descendentes, etc. Ter tudo isto junto numa publicação é uma óptima notícia para aqueles que apreciam a boa leitura musical.

Mais informações aqui.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Dengue Fever "Sleepwalking Through The Mekong"



Aqui está outra banda na qual tive que "entrar" sem audições prévias. "Venus On Earth", o anterior e terceiro disco da banda cambodjana-americana, teve boas críticas na generalidade dos meios melómanos. Mas como há sempre coisas que escapam, "Sleepwalking Through The Mekong" é o primeiro disco que ouço dos Dengue Fever. Dito isto, posso afirmar que isto soa-me a uma tentativa muito interessante de cruzamento entre dois mundos que talvez tenham algo mais em comum do que se suporia à primeira vista. Claro que quase ninguém por aqui conhece música do Cambodja, mas esta encaixa muito bem no rock 75% psicadélico, 20% beat 5% surreal de Ethan e Zac Holtzman, sobretudo nas músicas cantadas. Talvez falte apenas um pouco de agressividade, mas no geral, "Sleepwalking Through The Mekong" são 56 minutos de pop geograficamente adocicada.

Para ouvir - MySpace da banda

Talk Normal "Secret Cog"



Tal como os já aqui mencionados These Are Powers, os Talk Normal - um duo formado por Andrya Ambro e Sarah Register - parecem buscar basta inspiração aos dias da no wave novaiorquina. Isso é visível nas guitarras ásperas e amelódicas, que funcionam mais como marcadoras de ritmos dissonantes, e nas vozes também elas mais viradas para o agudo e o grito, do que propriamente para a criação de melodias convencionais. A principal diferença deste EP para com o disco dos These Are Powers será que "Secret Cog" não contém quaisquer vestígios de música para dançar, revelando-se agressivo de ponta a ponta. Sem que se trate de algo tão revolucionário e trepanante como, no seu tempo, foram os Mars, DNA, Contortions, Theoretical Girls ou Sonic Youth, "Secret Cog" oferece 24 minutos de visões distorcidas que entretêm os mais aventureiros.

Para ouvir - MySpace da banda

Mount Eerie "Wind's Poem"



Pouco importará a Phil Elvrum se o conteúdo lírico das suas canções falar de morte, desespero e tragédias. A sua voz continua a soar incrivelmente melíflua, como que procurando apaziguar os medos alheios, paradoxalmente provocados pelas suas letras. Em "Wind's Poem", logo a faixa inicial é exemplo cabal, visto ser povoada por guitarras...black metal (ele tinha ameaçado). Não é algo que se prolongue pelo restante do disco, onde a toada musical se torna quase ambiental, com orgãos e ritmos a passo lento, que complementam o cantar de Elvrum. É possível achar "Wind's Poem" muito chato num momento, e deixarmo-nos transportar pela sua corrente amniótica no outro. O certo é que Elvrum continua a deixar uma pegada única na música actual.

Para ver - "Wind's Poem"

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Vuk "The Plains"



A natureza é, desde há muito, usada na música para não só descrever estados de espírito e acontecimentos diários, como para, graças ao uso das suas propriedades sonoras, amplificar, difundir, e atribuír novos significados a sons mais ou menos excêntricos. E não é por dividir o seu tempo entre uma capital (Helsinquia), e um mega-metrópole (Nova Iorque), que Vuk se abstém de usar a natureza como fio corrente de todo este álbum, onde exibe uma enorme proficiência para a construção de melodias, e toca uma panóplia gigantesca de instrumentos. Respirem fundo: harmónio, percussão, acordeão, xilofone, theremin, Rhodes, Hammond, kalimba, fósforos, kantele, jew’s harp, piano, instrumentos de sopro, e guitarra, baixo e bateria na última faixa do disco.

Continua aqui, no remodelado Bodyspace.

Música nova - Raekwon, Ghostface Killah e Cappadonna



Esta será a última música que conhecerei em antecipação a "Only Built For Cuban Linx 2", uma vez que o disco já pingou, e terei todo o prazer em estreá-lo na próxima semana (isso de ouvir logo que aparece é para os fracos). E como as anteriores, esta é outra música excelente. O melhor estilo Wu continua presente, em 3:18 minutos de agressividade desbragada, por 3 MCs capazes de demolir paredes de tijolos com as suas rimas, particularmente Rae e Ghostface (Cappadonna está bem, mas os outros são de outra galáxia). Tudo sobre uma produção de J. Dilla onde uma guitarra que parece que ouviu muita música chinesa cria um padrão de olhos raiados, para benefício do "braggadocio" dos MCs. Abriguem-se ou sigam a marcha!

Para ouvir - "10 Bricks"

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Música nova - Massive Attack



Os direitos de autor já deram cabo da ligação a "Splitting The Atom", com Horace Andy. Mas felizmente esse problema não se coloca, para já, com esta "Pray For Rain", com a participação de Tunde "TV On The Radio" Adebimpe. Uma junção que parece boa no papel, e revela-se igualmente boa na prática. A voz profunda de Tunde casa muito bem com o tom despojado e sombrio da música dos Massive Attack, em qualquer das partes em que "Pray For Rain" se divide durante quase sete minutos. Assim, temos teclas atmosférico-sombrias, guitarra acústica e tambores para começar, seguida de uma parte central com percussão a meio-tempo e electrónica de gotículas, e guitarra que surge sub-repticiamente ao fundo, com Tunde a repetir uma mesma frase (não consegui perceber exactamente o quê). Finalmente a coisa fica mais moderada, com "aaaahs", e depois de um periodo com a gotícula, voltamos ao formato inicial. Evocativa, cativante e insinuante, promete um belo EP para Outubro ("Splitting The Atom" também é muito boa).

Para ouvir - "Pray For Rain"

Citação - Mark Fisher




"Making negative judgements is held to be the result of "moaning", in other words a defective mental attitude. (With the implication, as Zone points out, that with the right mental attitude, one can learn to like anything.)

The by now familiar generational form of this argument - that the only reason anyone would be negative about current culture is that they are nostalgic for their lost youth - is equally depressing in its nihilistic relativism (for it suggests that enthusiasm is dependent upon being young rather than on any inherent features of the cultural objects themselves). But this falls down for at least three reasons. First, the idea that there is something innately radical about the young, or that there is a necessary relationship between radicalism and youth, is a kind of romantic-rockist myth that might have been convincing when youth culture was at the leading edge of popular modernism, but it is hard to seriously maintain now, when "youth" is routinely mobilised as a demographic weapon in the services of hedonic conservatism. (Why is Channel 4 crap? Because it is chasing the "young". Why does mouldy old rock enjoy full spectrum dominance - because the "young" love it.) It is this demographically-constituted "young" which is nostalgic, but its nostalgia is of a formal, not a pschological kind. In any case, the equation of youth with radicalism is merely the obverse of the idea that radicalism is a pathology of youth, put aside once "maturity" arrives. Second, whenever the young were radical, it was precisely by virtue of their discontent with the time and culture in which they happened to be living. The history of pop is the story of the tension between dissatisfaction and its commodification. Third, you you only have to look at the figures for depression amongst the young to realise that the young themselves are far from being happy-go-lucky pleasure-seekers who would just be enjoying themselves if it weren't for curmudgeonly theorists stealing their mojo, daddio. Faced with objectively appalling conditions (rising unemployment, continuously assessed education yielding qualifications that are getting worth less year by year) but embedded into a matrix of CBT, SSRIs and PR, the young are the primary victims of compulsory positivity, and even apparently hedonistic phenomena such as binge drinking are symptoms of despondency rather than straightforward expressions of pleasure-seeking. (Alex's remarks on the perils of narcomaterialism notwithstanding, the dominance of a low-level obliviate and sedative like alchohol in UK youth culture, tells its own story about the long comedown we've endured.)"

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Música nova - No Age


Estão a soar "melhor", se considerarmos apenas que já não parece que foram gravados na casa-de-banho. As guitarras já não parecem tão comprimidas, e agora estão muito mais shoegazers do que anteriormente. E claro que vou usar o cliché de mencionar os My Bloody Valentine. Ouçam isto e tentem desmentir-me sem que a vossa cara fique da côr dos meus cortinados da sala! A voz de Dean Spunt, essa, adapta-se bem às novas circunstâncias, vislumbrando-se nela uma pitadinha extra de melodia veraneante, e generosas porções do melodismo sujo de "Weirdo Rippers" e "Nouns". É largar o mosh por alguns momentos, e abanar os braços no ar qual alunos de um guru convincente.

Para ouvir - "You're A Target"