Foram bons anos. Não sei se algum dia voltarão. Já não seria a primeira ameaça. Se fôr a sério, então obrigado por darem um bom nome à ambição e arrogância de saberem que pertencem num estádio, com 100000 pessoas a berrar todas as letras!
Lewis Beadle não tem andado muito activo desde que o dubstep suplantou o UK Garage/2-step sob os holofotes mediáticos. E no meu caso isso não espanta, porque nunca fui de ligar muito ao 2-step. Sempre me pareceu uma versão demasiado yuppie "sofisticada" do r&b e do drum n'bass. Mas esta colectânea dos trabalhos de El-B vale bem a pena ouvir, englobando uma série de produções em nome próprio, sob o nome Ghost, e remisturas para outros artistas, em que o lado mais pop-de-fato-e-gravata do 2-step tem pouca expressão. No seu lugar, encontramos os sub-graves do drum n'bass, ritmos sacados ao hip-hop, a soca (diz o booklet, eu não sei identificá-los), ao dancehall, ao dub e ao ragga, combinados com o abanar quebrado próprio do UK Garage. Aquela mistura tão brit de músicas americanas, inglesas, jamaicanas e outras caribenhices, que propicia festa para as articulações para onde quer que vá. E aqui a mente não é esquecida durante 78 bons minutos.
A Internet não contém muitas fotos de David Michael Stith, e talvez isso tenha alguma relação com o tom geral da sua música. Filho de pais com treino clássico, Stith exibe um cuidado apurado na delicadeza e depuração dos arranjos de "Heavy Ghost". Trata-se, assim, de um disco feito de um envolvente impressionismo, em que as palavras e os suaves sons de guitarras, pianos, ou pequenos ruídos percutivos tentam, paradoxalmente, atropelar-se uns aos outros, e ao mesmo tempo respeitar escrupulosamente o espaço que cada um ocupa. Neste sentido, é possível encontrar comparações com "Close To Paradise" de Patrick Watson, obtendo a mesma sensação de imersão num mundo que funciona a uma corrente e velocidade individualizadas. Porventura, seria desejável que existessem menos canções/esboços de tão curta duração, mas isso não invalida que "Heavy Ghost" mereça destaque pelo que oferece.
"The Resurrectionists" é um disco bonito. Simplesmente é tão "bonito" que cansa. Começa muito bem, com notórias influências dos Pink Floyd fase 1973-79, sobretudo nas guitarras bolha-de-sabão-a-plocar, e na voz virada para dentro. Depois é que surgem alguns problemas, nomeadamente a existência de músicas que se aproximam perigosamente de versões acústicas de rock fm conforme o entendemos em rádios americanas de 2009. Passa-se por situações em que a instrumentação fica a curta distância de igualar o delírio do eixo Godspeed You Black Emperor/A Silver Mt Zion, sendo essa curta distância o que separa este disco entre ser razoável e ser bom (muito bom nunca poderia ser, devido ao que disse na frase anterior). Em suma, ouça quem gostar de uma voz que nunca deixa de ser carinhosa e evocativa, mas evite-se para quem gostar de um pouco menos de delicadeza no seu "peso".
Deco não me incomodou, Pepe não me incomodou, Obikwelu não me incomodou, Liedson incomoda-me. A partir do momento em que se "contratam" jogadores para uma selecção como se se tratasse de um clube, ela já não significa nada. Não agitei a bandeira portuguesa durante as últimas competições de selecções por nacionalismos. Agitei porque, foda-se, é giro torcermos pelo nosso país numa competição. É giro juntar um grupo homogéneo assim e disputar torneios contra grupos semelhantes. É da mesma maneira como consigo falar na boa com amigos que torcem pelo Liverpool. Sim, sou adepto do Manchester United. E não gostaria de os ver disputar a liga italiana ou espanhola. Por mim, o Queiroz, o Madaíl e todos os outros podem ir para o real CQOF. Esta selecção está morta e enterrada para mim, e recusar-me-ei a ver qualquer jogo dela.
Esta coisa das músicas românticas parece ser, sem dúvida, o campo em que mais se cometem estes enganos. E valha a verdade, não é difícil pensar na música assinalada como uma bela demonstração de amor e paixão. Pena que se trate de um caso em que um dos lados não se sente propriamente lisonjeado pela atenção gerada. A música é sobre "stalking", daí ele dizer sempre "I'll be watching you". Mas enfim, se acham "How my poor heart aches with every step you take" algo que mostra uma tremenda paixão entre duas pessoas, quem sou eu para discordar, excepto o gajo que inventou esta rubrica para este blog?
Conjunto americano de 10 elementos, os Edward Sharpe & The Magnetic Zeroes dedicam-se ao conhecido ponto onde decorrem as intersecções da folk, country e rock, fazendo-o como uma mestria de melodias e arranjos que resultam num disco contagiante de energia ao estilo de uma boa "revue". O uso de sopros, e consequente ar de grandiosidade e euforia, pode levar a pensar no disco deste ano de Elvis Perkins. Mas a banda estende a sua toalha ainda a outros géneros, como sejam o swing/rockabilly (atente-se no piano tão "barrelhouse" nalguns casos, ou na secção rítmica doutros), e a música latino-americana, dum jeito que não remete para o mariachi dos Calexico, mas para outro tipo de sensualidade. "Up From Below" adequa-se a todos aqueles para quem uma boa junção de danças "tradicionais" faça todo o sentido.
Desculpem a longa ausência. Muita coisa para ouvir.
Duo constituído pela Frances Noon, pelo multi-instrumentista Lazlo Legezer, e uma série de convidados, estes My Toys Like Me surgem como uma panaceia adequada para quem saudades dos bons tempos dos Laika, e de discos como "North Pole Radio Station" dos Pram. Isso quer dizer que temos por aqui uma voz que adopta um registo de infantilidade controlada, soando encantadora onde podia soar irritante. E uma colecção de arranjos que cosem divertidas peças de electrónica tic-tac, acompanhadas de guitarras em distorção ligeira, com participação de violinos, trompetes, flautas e xilofones noutras faixas. Música que se tece como teia de aranha de pequenos filamentos em volta dos neurónios. Boas coisas em embalagens pequenas.
"Primary Colours" é um disco bastante adequado para quem estiver farto de duas coisas. Primeiro, das eternas digressões sem material novo dos Sisters Of Mercy. Segundo, da ausência de disco novo dos My Bloody Valentine. Se aqui é certo que falta a voz de Bilinda Butcher, não deixa de ser igualmente certo que a combinação de uma voz que remete para um Peter Murphy mais rockeiro, com guitarras que aprenderam muito com Kevin Shields, dá azo a um disco altamente dinâmico e contagiante. Depois de um começo que parecia destinado ao anonimato, os Horrors conseguem aqui insuflar nova vida nas suas canções, num encontro feliz entre shoegaze e goth-rock (lá está), com pequeninas pitadas de psychobilly, e orgão agudo omnipresente, que transmite doses consideráveis de energia cinética às articulações. A sedução faz-se à média-luz.
Esta música do inglês Alessio Nataliza apresenta uma estrutura bastante simples, todavia irresistível. O som de vinil ouvido no princípio engana, pois não se trata de qualquer raridade dubstep (sem desprimor, claro). "Upside Down" é dream-pop do mais puro que pode existir, sendo formado por três elementos principais. A voz veraneante e sonhadora de Nataliza, uma guitarra acústica que marca a melodia semi-percussiva, e um sintetizador discreto que vai servindo de certa maneira como metrónomo. Tudo aqui é propício a relaxamento, posição horizontal ou meditativa. E Nataliza não deixa as coisas por menos, aplicando a fórmula dos "Aaaahs" mais para o fim da música. Um belo oposto ao nome da banda.
A primeira música tocada é uma cover de um êxito soul-pop. E não é tocada com guitarras aceleradas, nem voz de grunho. É isto, bandinhas de merda nu-metal, que vocês deviam ter aprendido há muito tempo. Os Faith No More não são uma banda feita exclusivamente para descarregar testosterona e raivinha adolescente monga. Nem são uma banda que despreze a pop, a soul e outros géneros em favor de tretas juvenis (mal) disfarçadas de "radicalismo". Mas chega desta diatribe. Fale-se do concerto. Do concerto do ano! Do primeiro concerto 10/10 desde que os Coments On Fire demoliram a ZdB! De um Mike Patton impressionante de voz, empenho, humor e energia! De uma banda que tanto condensa um épico dos Genesis em 5 minutos ("Land Of Sunshine"), como faz uma tangente ao thrash/death metal ("Cuckoo For Caca"), arrasta o hiphop para píncaros sinfónicos ("Epic"), afeiçoa-se do easy listening ("Just A Man"), brinca com o funk ("We Care A Lot"), inventa a soul-prog-rock ("Be Agressive"), canta em português ("Evidence"), e continua por aí afora. Foi daquelas alturas em que nada falhou, em que o único instinto era berrar euforicamente e abanar compulsivamente o corpo. Depois de um concerto destes, sente-se que valeu a pena esperar 4.5 horas. Obrigado, Faith No More!
Após um jogo disputadíssimo, o Chelsea levou a melhor nos penalties e arrecadou o Community Shield 2009/2010. O United mostrou algumas deficiências na construção de jogo do meio-campo para a frente, sobretudo na segunda parte.
Este texto foi um bom bálsamo para não só ter perdido os My Bloody Valentine, como para a raiva que sinto para com os imbecis "punks" (sim, é entre aspas) que os receberam da forma como é descrita no mesmo. 12 minutos de massacre é pouco. Deviam ter sido 52. Da próxima vez, obriguem-nos a ouvir Wolf Eyes ou Sightings! Quanto aos MBV, espero que voltem um dia a um local mais consentâneo com a sua qualidade, e sem depender de promotores que talvez tenham pensado que estavam a contratar os Bullet For My Valentine.
Começa com os sons habituais de luta, e contém um refrão propulsivo que diz "Soldiers in the front / Let the heat pump". "New Wu" já tinha sido excelente. "House Of Flying Daggers" sobe ainda mais a fasquia para "Only Built For Cuban Linx 2". Isto, mais uma vez, é Wu em modo que vale ouro. É violento e perfeito no beat formato pistão criado pelo falecido J Dilla, que parece ter feito a melodia de "The Thing" de John Carpenter passar para o outro lado do espelho maquinal. Todos os MCs são soberbos, desde a caminhada dominante sobre a batida de Inspectah Deck às punhaladas de Method Man, passando pela destreza arrebenta-sílabas assombrosa de Raekwon e Ghostface Killah. Quando quatro Wus se unem com esta massa, nada se lhes compara. Outro single formidável.
"It's strange to me that some bands' first albums are recorded with 10 different artists. You end up thinking 'Well, what have you actually done here?'"
"Those 50s or 60s records were definitely important. That might have been the last great age of real music. Since then or maybe the 70s it's all been people playing computers"
Joker continua a prometer muito para um possível disco (com esta malta do dubstep nunca se sabe), oferecendo o que se pode considerar um concentrado de músicas feitas com sintetizadores para ser descoberto no ano 2818 algures numa colónia em Plutão. Planetas com maiores temperaturas talvez não resultem tão perfeitos. Tudo começa com um repique subaquático, seguindo-se a gradual ascensão à superfície. Enquanto isto, um sintetizador persegue a sua própria cauda. Encontramos os Kraftwerk de "Radioactivity" transplantados para um local ainda mais inóspito, e a partir daí a cold wave é o próximo passo lógico. E tudo vai acontecendo sob pancadas secas e marciais. Depois é só repetir. Joker tem criado exemplos fantásticos de como extraír mistério e nervo das suas máquinas. Esperemos que possamos ouvir uma colecção dos seus trabalhos agrupada muito em breve.
Os veteranos do hiphop portuense estão aqui mais contestatários do que nunca, aproveitando o momento de crise mundial para expressarem todo o seu descontentamento com essa entidade a que nos habituámos a chamar "O estado das coisas". Fazem-no sobrepondo um som sintético de despondência gelada a um break funky mais clássica. Quanto a Ace e Presto, estão ambos em muito boa forma, rimando de maneira rápida e agressiva nos versos, simples mas eficazes. O refrão é constituído por uma voz robótica, que resume o modo de encarar a situação. Um regresso que se saúda, de um grupo que sempre soube manter a fasquia elevada.
O terceiro álbum dos The Gossip é um caso paradigmático de ambição a mais, embora num contexto sempre conciso e pop. Tudo começa com as duas melhores músicas do disco, "Dimestore Diamond" e o single "Heavy Cross", de que já falei aqui, repositórios excelentes de soul, funk e pop, liderados pela fabulosa voz de Beth Ditto. Só que os Gossip não quiseram ficar por aqui, e declararam a new wave, o disco, e até a synth-pop como terrenos a explorar. Se nada há de errado em ser ambicioso e explorar diversos géneros num só disco, também não se pode ignorar que os Gossip são bem melhores nuns que noutros. E, sendo assim, se é um facto que o disco tem 5-6 óptimas músicas, também tem outras que não atingem o mesmo patamar, sobretudo numa banda que vive e morre nos refrões. Mesmo assim, deverão continuar a dar óptimos concertos.
Quem clickar no link que está mais abaixo só encontrará uma coisa - adrenalina. A faixa-título de "Tentacles" é violência groovy da mais pura que pode haver, com todos os riffs primitivos e cativantes, secção rítmica que parece ir desabar a qualquer momento, e o indispensável orgão fervilhante que todos sabem ser indispensáveis. A fórmula empregue pelo sexteto também é simples. A voz arranha os ouvidos (isso é bom) por alguns segundos, a guitarra interrompe com o riff principal, depois recomeça-se. Se a casa ficar de pé no fim, alguma coisa não saiu como devia. Aqui saiu!
Como avaliar um disco de dancehall, quando não se tem discos de dancehall na prateleira ou nos caixotes? Comprei um de Vybz Kartel nos saldos da FNAC, mas não é bem a mesma coisa. Sendo assim, diga-se o que ouço: Padrões rítmicos minimalistas e completamente esqueléticos, vozes entre a fúria, o sussurro, o apelo à dança, e a carga sexual extrema, ambiente de festa em local apertado com hormonas aos pulos. E isto só a dita parte dancehall. É que este disco também tem ragga (irmão ainda mais radical), reggae (algum lovers rock), r&b, pop. Isto fará dos mentores do projecto, os famosos DJs Diplo e Switch, ainda mais turistas culturais do que aquilo que já tinham fama de ser. Mas a verdade é que o disco é irresistível, e só por muita vontade de ser cínico é que se pode negar o impacto que estes ritmos e estes vocalistas trazem. Preste-se atenção ao que tem realmente importância!
Um exercício especulativo. E se, em vez da chacina perpetrada, os Residents convidassem duas meninas para cantar com eles, e resolvessem escrever verdadeiras cartas de amor aos géneros que trituram? Talvez o resultado não estivesse muito longe daquilo que acontece no terceiro disco dos Dirty Projectors. Dave Longstreth tem formação clássica, mas prefere cantar um cruzamento de pop, highlife, r&b, rock, doo-wop, indie-pop, etc, de olhos trocados. A sua guitarra, essa, não só passa descontraidamente por todos estes géneros, como fá-lo com a naturalidade de quem apenas quer fazer grandes canções extraídas de todo o maralhal de música que ama. E diga-se que Amber Coffman e Angel Deradoorian têm um talento que complementa perfeitamente o de Longstreth. Colecção irrepreensível de canções, "Bitte Orca" fica para a história como um clássico de 2009.
Este disco dos japoneses Mono é um perfeito tratado à eficiência que tantas vezes se atribui aos artigos vindos da sua terra. Não há aqui desperdício de notas, no sentido em que os picos de adrenalina e emoção vividos nos discos de uns Explosions In The Sky, por exemplo, chegam a nós logo à partida. Quer sejam tocados mais alto ou mais baixo, estas são melodias de guitarras feitas para ilustrar cenas de alto teor dramático, num filme dramático, com uma paisagem e clima dramáticos. Para bem dos nossos pecados, nunca chega a cair no mau gosto, e o lado energético consegue impedir o lado lamechas de se tornar insuportável. Porque, afinal, quando estamos no meio de um filme, podemos sempre partir o cenário, olhar para a câmara, e fazer um sorriso suado malandro para o público.
Não me odeiem por encontrar as mesmas comparações que são feitas por Scott Plagenhoef no link que ponho em baixo. A verdade é que é mesmo em El Guincho e nos Cut Copy que penso quando ouço esta primeira amostra desta banda de Barcelona. Por um lado temos a repetição a convidar ao abandono hipnótico à dança, que criou em muitos a paixão por "Alegranza" do primeiro. Por outro, a synth-pop melancólica marca presença nítida por aqui, com sintetizadores e vozes que não destoariam em "In Ghost Colours". Também li o Nuno Dias no Fórum Sons compará-los aos Rapture, o que não está nada mal visto, se atentarmos às vozes que aparecem no fim das músicas. Tudo somado temos uma música que é um belo equivalente musical de uma mangueirada na tola em dia de grande calor.
O novo avanço para "Popular Songs", disco que já se pode encontrar pela internet, mas que questões de espaço e tempo me impedem de ter ouvido até agora, apresenta o veterano trio a incorporar uma considerável quantidade de luxo na sua música. Isto porque, ao ouvirmos os arranjos de cordas usados em "Here To Fall", é difícil não pensar na opulenta soul de Curtis Mayfield. E a verdade é que resultam muito bem conjugados com a voz melíflua de Ira Kaplan, e com a restante instrumentação, onde se destaca um piano que, graças à parcimónia nas notas, adquire características de onirismo. Tudo isto são sinais de que os Yo La Tengo aparentam querer continuar no bom caminho, aquele que lhes garante a incapacidade de fazer um disco mau. Falta só ouvir o resto das músicas para o confirmar.
Os que se apaixonaram por "Street Horrsing" correm um grande risco de ver as suas expectativas para o próximo "Tarot Sport" (20 de Outubro) subirem a níveis estratosféricos com a audição destes 3:42 minutos. Isto porque, permitam-me o mau jogo de palavras, "Surf Solar" é ela própria estratosférica. Não estamos apenas nos territórios do noise e do drone neste caso. O techno, o krautrock, todas as formas de música a que se juntou o sufixo "cósmico", os Chemical Brothers em trips ainda mais ácidas do que aquelas a que nos acostumaram nos seus concertos cheios de projecções e lazers, as aventuras de distorção e beleza que os Mercury Rev fizeram com eles em "The Private Psychedelic Reel", ou nos seus próprios discos de "Yerself Is Steam" a "Deserter's Songs" e "All Is Dream". O que será viver mais de 10 minutos disto? O que terão preparados para os que vierem a Lisboa a 1 de Outubro (Porto 31 de Setembro)? É difícil esperar para saber!