quarta-feira, 4 de março de 2009

O Rali que não volta a ser


Uma memória indissociável da minha infância e adolescência são as aventuras pelas serras de Sintra e Montejunto, inclusivé passar a noite anterior no carro com um belo termo de chá quente para a manhã fria que se seguia, para assistir à passagem dos carros do Rali de Portugal. Na altura pouco me importava saber quem mais gostava, ou que a maior parte dos pilotos não estivesse lá senão para andar devagarinho. Adorava esperar à saída de uma curva, de lista de inscritos na mão, antecipando o próximo concorrente de nome mais ou menos famoso, num carro favorito ou simplesmente pitoresco. Nomes como Hannu Mikkola, Timo Salonen, Markku Alen, Miki Biasion, Ari Vatanen, Michelle Mouton ou Walter Rohrl farão sempre parte do meu imaginário.

É por isso que me custa ver o programa do "rali" versão-2009. A antiga aventura de sul a norte, asfalto e terra batida, 4-5 etapas, Fafe, Buçaco, Arganil, etc, é agora uma simples e muito diminuta volta pelo Algarve, a que não faz sentido nenhum chamar "Rali de Portugal". As razões não conheço, porque há muito que deixei de acompanhar as notícias deste desporto. Mas é difícil não sentir um aperto no coração. É provável que, como já acontece com a Volta a Portugal, haja uma transmissão em directo, com um qualquer apresentador famoso, muita publicidade a marcas conhecidas, e actuações de um qualquer Mikael Carreira para entreter a malta. Que façam bom proveito.

1 comentário:

Anónimo disse...

Tem toda a razão. O rali de Portugal faz parte da lembrança de pais e filhos.
Infelizmente, como muitas outras coisas boas que se faziam no nosso País, cada vez há menos, de menor qualidade, só para uma determinada camada.

Parabens pela sua coragem em afirmá-lo publicamente.

Aliás, penso que o seu blogue ainda vai dar que falar pela "autenticidade" e objectividade com que aborda os temas.